O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) denunciou, e chamou de chantagem, a ameaça do ministro da Educação, Abrahan Weintraub, de que não haverá descontingenciamento das verbas para as universidades federais se não for aprovada a reforma da Previdência.
“Não me parece adequado o senhor colocar a reforma da Previdência como chantagem para os estudantes e para as comunidades universitárias. Isso é chantagem, não tem outro nome”, observou o senador, nesta terça-feira (07), em audiência na Comissão de Educação do Senado.
Os bloqueios no MEC atingiram R$ 7,3 bilhões. Vão da educação infantil à pós-graduação.
O parlamentar cobrou do ministro os dados em que ele teria se baseado para afirmar que as três universidades citadas recentemente, UFF, UFBA e UnB, não haviam obtido bom desempenho acadêmico.
Weintraub, que mostrou em sua intervenção não saber a diferença entre uma kafta e Franz Kafka, e que usou o pretexto da falta de desempenho para cortar as verbas, não conseguiu responder.
O senador Randolfe cobrou do ministro mais seriedade e mais respeito com as universidades brasileiras. Entre os ataques do ministro de Bolsonaro às Universidades, aos estudantes e aos professores do país, ele disse que elas realizam “balburdias” e que, por isso, teriam suas verbas cortadas.
Segundo Randolfe, Weintraub teria citado que as universidades, em regra, no Brasil, são campos para o uso de drogas.
Ele salientou que, logo em seguida a essas afirmações tresloucadas do ministro, o governo decidiu ampliar os cortes, de 30%, em média, para todas as universidades brasileiras. “É preciso que se respeite as universidades, os professores e os estudantes brasileiros”, insistiu o senador.
Os senadores perguntaram o que seria balbúrdia, mas o ministro não respondeu. Disse, entretanto, que os reitores deveriam ir ao Congresso para detalhar como têm executado seus orçamentos. “Balbúrdia é cortar 30% da educação”, diziam cartazes de militantes da UNE (União Nacional de Estudantes) presentes no Senado.
Em outro momento Randolfe também contestou a fala do ministro de que não estavam sendo feitos cortes nos recursos das universidades federais, mas sim “contingenciamentos”. “Obrigado pelo sinônimo”, ironizou Randolfe, em sua réplica.
“Gostaria de saber também de onde foi que o senhor tirou a ideia de que cursos de filosofia e sociologia não são importantes”, questionou o parlamentar. “Que eu saiba a formação de v. excel, que é economista, tem formação na área de humanas”, prosseguiu o parlamentar.
O senador afirmou que Weintraub não estava sendo coerente, já que este havia dito que os cortes apontavam para uma prioridade no ensino básico. “Apesar de dizer isso, o governo do qual o senhor faz parte cortou R$ 2,4 bilhões da educação básica”, denunciou.
“Diz que cortou nas universidades para priorizar o ensino básico, mas cortou R$ 2,4 bilhões da educação básica. Não há coerência nestas atitudes”, acrescentou Randolfe. “Há um contrassenso atroz, de tirar de um [lugar] e colocar e outro. Na prática, vão tirar dos dois [da educação básica e da superior]”, disse.
Diante dos ataques descabidos feitos pelo ministro às universidades e professores, o senador Randolfe não perdeu a oportunidade de rebater o elogio feito por Abrahan Weintraub a ele mesmo. Até porque, esse autoelogio não bate com a realidade. (Leia sobre as “espetaculares notas do ministro da Educação na USP”)
“A minha formação acadêmica é robusta. Estão tentando me desconstruir, coisas até feias estão fazendo a meu respeito, mas ela é robusta. Eu estou bem acima da média dos últimos 15 ministros que passaram por lá. Mas bem acima. Em termos de qualificação e em termos de nomes de universidades das quais eu vim”, vangloriou-se o ministro.
“Bom, ministro, primeiramente eu quero saudar a vossa auto-estima ao destacar que o senhor foi o melhor ministro dos últimos 14 anos. É paradoxal, somente, o senhor ter afirmado isso e ter vindo de uma universidade federal e propor, abre aspas, contingenciamento das universidades federais”, afirmou Randolfe.
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https://www.facebook.com/randolferodrigues/videos/431285904087438/
O corte nas verbas das Universidades comprova a falta de noção daquele que não nasceu para ser administrador dos recursos capitais e humanos brasileiros. Como ele mesmo falou; bem como a falta de noção democrática daqueles que o elegeram, embora sendo menos de 50% da população brasileira.