Regime de Kiev prende líder da Igreja Ortodoxa Ucraniana

Líder da Igreja Ortodoxa está em prisão domiciliar (Reprodução)

Mosteiro sofre cerco enquanto governo Zelensky desata perseguição religiosa sem precedentes sobre os líderes e fiéis da Igreja Ortodoxa ameaçando de total proibição deste credo cristão

O regime Zelensky, que ordenara aos monges do destacado Mosteiro das Cavernas que deixassem o principal templo religioso de Kiev e vinha enfrentando o repúdio dos religiosos e dos paroquianos, intensificou sua perseguição, isolando o mosteiro e decretando a prisão domiciliar por dois meses do bispo metropolitano Petr Pavel, sob o pretexto de “colaboração com Moscou” e o proibindo de contato com os fiéis.

Em 26 de março, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos publicou um relatório sobre o ataque à liberdade religiosa na Ucrânia, advertindo sobre a “discriminação” contra a Igreja Ortodoxa Ucraniana (UOC) e registrando que padres foram submetidos a interrogatório pelo Serviço de Segurança e tiveram suas residências revistadas.

Em janeiro, o regime Zelensky apresentou um projeto de lei ao parlamento para proibir as atividades de organizações religiosas “filiadas à Rússia” no país, pretexto para lançar nas catacumbas a UOC. O que coroa um longo período de perseguição aos religiosos da UOC, confisco de templos e outras arbitrariedades.

Oficialmente, o Mosteiro de Kiev-Pechersk Lavra está submetido ao Ministério da Cultura, que rescindiu unilateralmente o acordo de arrendamento, dando como prazo de saída até 29 de março. Os monges poderiam ficar – disse o ministro da Cultura Oleksandr Tkachenko – caso aderissem à Igreja pró-Maidan, a UCO rival, patrocinada pelo governo Poroshenko como parte do plano de “desrussificação” e “descomunização”.

Em maio passado, a UOC rompeu qualquer vínculo com o Patriarcado de Moscou, ao qual é historicamente ligada. Já gozava de ampla autonomia, exceto quanto a questões de dogmas e doutrina.

O MOSTEIRO MAIS REVERENCIADO

Um amplo complexo monástico, o templo existe desde o século 11 e é o local ortodoxo mais reverenciado da Ucrânia, de acordo com a Associated Press, contando com cerca de 220 monges. O bispo metropolitano Pavel não se submeteu, apontando que “não há fundamento legal” na ordem de expulsão, e muitos milhares de apoiadores permaneceram lado a lado com os monges durante dias.

Na sexta-feira (31), a resistência de fiéis e religiosos impediu a consumação do esbulho. Monges espargiram água benta aos jovens provocadores que, gritando slogans nazistas, foram até o mosteiro. Os fiéis permaneceram de guarda no templo à noite para proteger os santuários da invasão, registrou o jornal Komsomolskaya Pravda. 

A perseguição ao bispo metropolitano Pavel está sendo feita sob a folha de parreira de dois artigos do Código Penal ucraniano – incitamento ao ódio e cooperação inter-religiosos com o “país agressor” -, cada um deles ameaçando com mais de um ano de cárcere.

SERMÃO POR VÍDEO

Pavel também está sendo acusado de ter “amaldiçoado” Zelensky, embora o religioso diga que não inventou nada, só citou palavras do Evangelho.

“Estou dizendo a você, senhor presidente, e a todo o seu bando, que nossas lágrimas não cairão no chão, mas em sua cabeça”, disse o metropolita Pavel em um vídeo na quarta-feira.

“Você acha que hoje depois de tomar o poder nas nossas costas, pode nos tratar assim. Nosso Senhor não perdoará esta ação, nem a você nem a sua família”, alertou o bispo.

O bispo criticou o presidente por se recusar a se encontrar com clérigos seniores da UOC para discutir a situação. Isso era particularmente hipócrita, observou ele, considerando que, como candidato presidencial, Zelensky havia buscado e recebido a bênção para concorrer ao cargo do Metropolita Onufry, o líder da Igreja.

“Você falhou em parar o ministro da cultura, que está possuído por uma malícia odiosa e uma fúria diabólica. Isso significa que ele está agindo com sua permissão; ai de você, tenha medo”, disse o bispo.

ZOMBARIA DA LIBERDADE RELIGIOSA

A perseguição aos ortodoxos ucranianos foi repudiada também por líderes religiosos russos. O Patriarca Kirill de Moscou e Toda a Rússia chamou a perseguição à Igreja Ortodoxa Ucraniana de uma zombaria do princípio dos direitos e liberdades humanos e instou os líderes religiosos e personalidades internacionais a impedir o fechamento do Mosteiro das Cavernas de Kiev.

“Colocar o metropolita Pavel em prisão domiciliar sob acusações falsas é uma continuação lógica, infelizmente, da ilegalidade perpetrada hoje pelas autoridades ucranianas. Este é o seu ‘diálogo’ com os representantes da maior denominação cristã na Ucrânia”, escreveu o porta-voz do Patriarcado de Moscou, Vladimir Legoida em seu canal Telegram.

ARBÍTRIO E VIOLÊNCIA

A RT publicou uma resenha dessas violações na Ucrânia da liberdade religiosa, o que inclui partidários da ‘igreja Pró-Maidan’ invadirem igrejas ortodoxas e espancarem religiosos e fiéis, como aconteceu em março nas regiões de Cherkasy e de Ivano-Frankovsk.

Há violações ainda mais graves: em 5 de agosto de 2022, a SBU deteve um padre da UOC, Sergey Tarasov. Sua filha disse que as forças de segurança foram até sua casa, o revistaram e o acusaram de traição. Mais tarde, seu corpo foi encontrado em um dos necrotérios de Kiev com uma lesão cerebral traumática.

De acordo com o departamento de informação e educação da UOC, “de fevereiro a agosto [de 2022], mais de 250 igrejas em todo o país foram tomadas por partidários da OCU. As estatísticas oficiais para toda a duração do conflito ainda não foram divulgadas”.

Também o regime promoveu o confisco de muitos mosteiros, como o Koretsky da Santíssima Trindade, o Convento Cirilo e Metódio. Pelo menos três dioceses estão sob ataque do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU).

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