Na manhã deste domingo Ahed Tamimi, a adolescente de 17 anos que ficou 8 meses presa por enfrentar soldados da ocupação israelense que entraram no quintal de sua residência logo após uma manifestação pelo fim ocupação israelense e contra a usurpação de terras palestinas. No mesmo dia, o primo de Ahed, Mohamad Tamimi, fora atingido na cabeça por uma bala de borracha (na verdade são balas de aço recobertas com borracha) e estava hospitalizado com fratura no crânio.
Muito indignada com a agressão dos ocupantes, Ahed gritou com os soldados, e chutou e estapeou um deles.
A altercação de Ahed, foi visualizada por milhares de pessoas no mundo inteiro dois dias depois que sua mãe – também ativista contra a ocupação – colocou o vídeo da filha, enfrentando os israelenses, nas redes sociais, no dia 17 de dezembro de 2017.
As duas foram presas com a divulgação do vídeo.
Tal como a sentença das duas palestinas, mãe e filha, o tiro na cabeça do primo de Ahed e a detenção de Wa’ed, irmão da jovem palestina, que continua preso na prisão militar de Ofer, estão entre os abundantes exemplos dos métodos israelenses – que vão desde a morte de manifestantes na fronteira com Gaza, até a prisão de líderes da resistência civil pela retirada de Israel da Cisjordânia e pelo desmantelamento das colônias judaicas sobre terras assaltadas aos palestinos – na vã tentativa de deter o avanço da resistência ao regime que não só nega aos palestinos o direito inalienável à soberania e autodeterminação, como acaba de aprovar uma lei que afirma a autodeterminação como direito judaico exclusivo. “Uma lei evidente de apartheid”, segundo a denúncia do maestro Daniel Barenboim.
A família de Ahed, tem tido um papel destacado nas manifestações semanais que ocorrem contra o regime israelense (que deixou para a aldeia apenas 4,4% de suas terras, cercando militarmente o restante dos terrenos agricultáveis da aldeia de Nabi Saleh).
Na sentença de Ahed e sua mãe, a corte israelense as condenou a prisão por “incitamento”. Uma inversão perversa pois criminosa, condenada mundialmente é a ocupação, são as práticas de assassinato, tortura e punições em massa contra os que se manifestam contra o regime, agora inteiramente ilegal, após a aprovação da Lei do Estado Nação.
Salegh Higazi, que dirige o escritório da Anistia Internacional em Jerusalém, declarou que “a soltura de Ahed, injustamente presa, é um alívio para ela, seus familiares e amigos, mas deve servir de lembrança das contínuas violações de direitos humanos por parte de Israel e a manutenção de dezenas de crianças e adolescentes nas suas prisões apesar de nenhum crime cometido”.
No dia anterior à liberação de Ahed Tamimi, o artista italiano, Agostino Chirwin, que se assina Jorit Agoch, foi preso após realizar um belíssimo grafiti com o rosto da jovem palestina sobre o muro da segregação erguido por Israel na fronteira com os territórios palestinos.
Além disso, nos chegam informações de que a aldeia de Ahed, que preparou uma festa para receber a combativa moradora, está cercada por tanques israelenses.
Antes de se dirigir a sua aldeia, Ahed declarou que pretende ir a Ramallah, prestar uma homenagem ao líder máximo da causa palestina, Yasser Arafat, visitando seu mausoléu.
Também estão programadas palestras da palestina por diversas cidades cisjordanas.
“A prisão de Tamimi decorreu de motivações políticas e não por fundamentos legais. Além disso, não é com procedimentos jurídicos deste tipo que o conflito Israel-Palestina será resolvido”, afirmou a advogada israelense que acompanha o caso, Gaby Lasky.
Já o Shin Bet, serviço secreto israelense que atua nos territórios e vigia árabes e opositores ao apartheid em geral, expediu comunicado contra a soltura dela pois “sua postura ideológica demonstra que ela é um perigo potencial”, quando a advogada solicitou a sua soltura brevemente antecipada, no mês de junho.
NATHANIEL BRAIA