Defesa argumentou também, na audiência de custódia, que poderia haver guerra de facções, mas juiz desconsiderou a possibilidade
Diferentemente das imagens propagadas por ele há alguns dias, onde aparece armado até os dentes e ameaçando todo mundo, o fascista Roberto Jefferson disse ao juiz instrutor do caso Airton Vieira, na audiência de custódia deste sábado (14), que está muito doente. Ou seja, afinou, falou manso, quase pediu desculpas. Uma tremenda encenação. Só faltou chorar junto com a filha.
O advogado de defesa, Luiz Gustavo Pereira da Cunha acrescentou ainda uma nova pitada de drama em sua encenação para tentar reverter a prisão em Bangu para uma confortável prisão domiciliar. Disse que ele seria “jurado de morte” por facções criminosas e que estaria em risco de morte por estar preso. Mas a defesa não apresentou detalhes a respeito disso.
Esse suposto atrito de Roberto Jefferson com facções criminosas foi a última cartada inventada pela defesa, depois que a “doença grave” não colou. A hipótese do atrito, na verdade, não é de todo descartável, afinal, sempre houve guerra de facções dentro do sistema prisional do país. A de Jefferson parece não controlar Bangu. Mas, o juiz não caiu.
A narrativa da doença foi a estratégia usada por ele quando esteva preso da outra vez, cumprindo pena de reclusão por sete anos, condenado por corrupção e organização criminosa. Disse à época que tinha um câncer de pâncreas e passou a ideia de que estava na últimas. A realidade encarregou-se demonstrar que não passava de mais uma de suas mentiras e artimanhas. Afinal, isso ocorreu há pelo menos três anos. Câncer de pâncreas costuma matar em meses.
Apesar da encenação do meliante, o juiz Airton Vieira não se impressionou com mais esse conto do vigário. Manteve Jefferson preso e argumentou que caberá ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes analisar o pedido. Tanto Jefferson, quanto sua filha e o próprio Bolsonaro passaram os últimos dias ofendendo, agredindo e ameaçando o ministro Alexandre de Moraes.
O representante da Procuradoria-Geral da República (PGR) que participou da audiência por designação do procurador-geral Augusto Aras, o promotor de Justiça André Alisson Leal Teixeira, não se manifestou a respeito do mérito da prisão. Apenas perguntou a Jefferson se teria alguma queixa. O promotor não fez nenhum requerimento sobre a manutenção da prisão ou o pedido de prisão domiciliar.
Ao final da audiência, o juiz Airton Vieira determinou o envio dos autos para o ministro Alexandre de Moraes apreciar o pedido. “Sigam os autos para o senhor ministro relator, para que possa apreciar a questão ora requerida, vale dizer, conversão da prisão preventiva em prisão domiciliar do custodiado Roberto Jefferson”, decidiu.