
Setor de Hiper e supermercados, que compõe mais da metade do índice, caiu 0,8%. Comércio ampliado (que incluiu veículos, motos e material de construção) menos 1,9%
As vendas no comércio varejista no país caíram 0,4% em abril em relação a março. No comércio ampliado – que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo – a queda no volume de vendas foi ainda maior (- 1,9%), após alta de 1,7% no mês anterior, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (12),
A queda no volume de vendas veio após três meses seguidos de variações positivas, quando o setor passou por resultados negativos consecutivos no último trimestre de 2024, sob forte impacto da elevação das taxas de juros pelo Banco Central, com o objetivo de frear a economia.
Os juros abusivos impostos pelo BC impactou o orçamento das famílias, elevando a inadimplência e o endividamento junto a bancos.
“Está havendo uma desaceleração, após três meses de crescimento. Existe o efeito base, pois o patamar anterior foi recorde. É muito mais difícil subir”, diz o gerente da Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, Cristiano Santos. Em março, o comércio varejista restrito cresceu 0,8%.
No comércio restrito, a média móvel trimestral foi de 0,3% no trimestre encerrado em abril. Na comparação com abril de 2024, o comércio varejista cresceu 4,8% no volume de vendas. Nos últimos doze meses, o ganho foi de 3,4% e no acumulado no ano, 2,1%.
No comércio ampliado, a média móvel trimestral ficou negativa em -0,2% no período, depois do avanço de 1,5% no mês imediatamente anterior. No acumulado no ano foi de 1,0% e no acumulado em 12 meses foi de 2,7%.
De acordo com a pesquisa, as taxas negativas ficaram por conta de Combustíveis e lubrificantes (-1,7%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-1,3%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,8%) e Móveis e eletrodomésticos (-0,3%).
ALIMENTOS
O setor de hiper e supermercados compõe mais da metade do índice, e a alta dos alimentos reflete diretamente no orçamento das famílias. “O comércio é muito focado nos orçamentos familiares”, observa Cristiano Santos. “Mesmo com a queda na inflação em geral, houve aumento na inflação dos alimentos e isto vai se refletir diretamente no setor de hiper e supermercados”.
Por outro lado, os resultados positivos ficaram por conta do grupo de Livros, jornais, revistas e papelaria (1,6%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,0%), Tecidos, vestuário e calçados (0,6%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,2%). O setor de livros continua em alta, mesmo após o crescimento de 28,2% em março, ainda por conta dos livros didáticos.
No varejo ampliado, na passagem de março para abril, o destaque foi a queda de -2,2% em Veículos e motos, partes e peças. Frente a abril do ano passado, a queda foi de -7,1%. Esta é a maior queda desde julho de 2022, diz o IBGE. O recuo nesse segmento em abril “foi a maior contribuição negativa dentre os onze setores para o varejo ampliado, alcançando -1,4 p.p. do total de 0,8%”.
Na comparação com abril do ano passado também caíram: Material de construção (-2,7%) e Atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,4%).