Mais de 50 países se uniram para apresentar na Assembleia Geral da ONU um projeto de resolução que pede um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, rejeita a evacuação da população e repele a transferência dos palestinos para outro território.
A Assembleia Geral da ONU deve se reunir na quinta-feira (26) em caráter emergencial para debater a crise no Oriente Médio.
O documento foi entregue nesta terça-feira (24) e servirá de base para o debate que ocorre na quinta-feira. O texto é apoiado por todos os países árabes, além de aliados africanos, asiáticos e latino-americanos.
A informação é de Jamil Chade, do UOL.
O documento dos 50 isola o governo carniceiro de Israel e os EUA que o apoiam.
O governo de Israel declarou nesta terça-feira, na ONU, que é contra um cessar-fogo e chegou a pedir a renúncia do secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres.
Os EUA e Israel continuam bloqueando qualquer saída para a paz. Os Estados Unidos vetaram no Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução do Brasil para terminar a guerra e outro da Rússia.
Nesta terça-feira (24), o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano, John Kirby, voltou a afirmar que os EUA são contra um cessar-fogo na Faixa de Gaza a pretexto de que isso beneficiaria o Hamas e fez pregação por mais derramamento de sangue inocente na região.
“Isso é guerra. É combate. É sangrento. Será uma bagunça, e civis inocentes serão feridos daqui para frente. Eu gostaria de poder dizer algo diferente”, declarou o porta-voz, sobre o que chamou de “natureza do conflito”.
Nesta semana, o governo americano apresentou uma resolução própria. Mas o governo russo já desmascarou o texto dizendo que ela “não faz sentido”. Os países árabes também denunciaram o texto americano, cobrando que o documento não pede um cessar-fogo.
Leia os pontos do texto dos 50 países:
1. Solicita um cessar-fogo imediato;
2. Exige que todas as partes cumpram imediata e integralmente suas obrigações de acordo com o direito internacional, incluindo o direito humanitário internacional e o direito internacional dos direitos humanos, particularmente no que diz respeito à proteção de civis e objetos civis, bem como à proteção de pessoal e bens humanitários, e que permitam e facilitem o acesso humanitário para que suprimentos e serviços essenciais cheguem a todos os civis necessitados na Faixa de Gaza;
3. Exige também o fornecimento imediato, contínuo, suficiente e desimpedido de bens e serviços essenciais aos civis em toda a Faixa de Gaza, incluindo, entre outros, água, alimentos, suprimentos médicos, combustível e eletricidade, enfatizando o imperativo, de acordo com o direito humanitário internacional, de garantir que os civis não sejam privados de objetos indispensáveis à sua sobrevivência;
4. Solicita acesso humanitário imediato, total, sustentado, seguro e desimpedido para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina e outras agências humanitárias das Nações Unidas e seus parceiros de implementação, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e todas as outras organizações humanitárias, defendendo os princípios humanitários e prestando assistência urgente aos civis na Faixa de Gaza, incentiva o estabelecimento de corredores humanitários e outras iniciativas para facilitar a entrega de ajuda humanitária aos civis e saúda os esforços nesse sentido;
5. Solicita também a revogação da ordem de Israel, a potência ocupante, para que os civis palestinos e o pessoal das Nações Unidas, bem como os trabalhadores humanitários e médicos, evacuem todas as áreas da Faixa de Gaza ao norte de Wadi Gaza e se desloquem para o sul de Gaza; recorda e reitera que os civis são protegidos pelo direito humanitário internacional e devem receber assistência humanitária onde quer que estejam, e reitera a necessidade de tomar as medidas adequadas para garantir a segurança e o bem-estar dos civis e sua proteção, em particular das crianças, e permitir sua movimentação segura;
6. Rejeita firmemente qualquer tentativa de transferência forçada da população civil palestina;
7. Solicita a libertação imediata de todos os civis, exigindo sua segurança, bem-estar e tratamento humano em conformidade com o direito internacional;
8. Solicita o respeito e a proteção, de acordo com o direito humanitário internacional, de todas as instalações civis e humanitárias, incluindo hospitais e outras instalações médicas, bem como seus meios de transporte e equipamentos, escolas, locais de culto e instalações das Nações Unidas, bem como todo o pessoal humanitário e médico, jornalistas, profissionais da mídia e pessoal associado em conflitos armados na região;