Ele estava indo visitar a mãe num sítio da família quando saiu da estrada e capotou com o carro
O político e ambientalista Alfredo Sirkis morreu nesta sexta-feira (10) ao bater com o carro no Arco Metropolitano, em Nova Iguaçu. Ele estava indo para um sítio em Morro Azul, em Vassouras, visitar a mãe de 96 anos que está em isolamento social por causa da pandemia.
Alfredo Hélio Sirkis nasceu no Rio de Janeiro em 8 de dezembro de 1950, filho dos imigrantes judeus-poloneses Herman Syrkis e Liliana Syrkis. Participou da luta contra a ditadura iniciada em 1964. Foi integrante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Em 1971, Sirkis se exilou no Chile, Argentina e Portugal, regressando ao Brasil em 1979, com a Lei da Anistia.
Sirkis foi vereador do Rio por quatro mandatos e foi também deputado federal. Foi secretário municipal de Urbanismo, secretário municipal de Meio Ambiente e presidente do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP).
Como jornalista, atuou nas revistas “Isto É” e “Veja”, além de colaborar para vários outros jornais. Foi ainda roteirista na TV Globo, na série “Tele-tema”. Autor de nove livros, ganhou o Prêmio Jabuti de 1981 por “Os Carbonários” (1980). Havia acabado de lançar seu último livro, “Descarbonário”.
Sirkis foi um dos pioneiros na luta pela preservação do meio ambiente no Brasil, e um dos fundadores do Partido Verde, em janeiro de 1986. Em 1991, assumiu a presidência nacional do partido. Como o primeiro secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, em 1996, foi o responsável pelo reflorestamento de 660 hectares (mais de 6 milhões de m2 de área desmatada), em 47 comunidades da cidade. Atualmente estava no PSB.
O amigo, co-fundador do PV e deputado estadual Carlos Minc (PSB), disse que está “devastado” com a notícia. “O Alfredo Sirkis estava em uma fase boa, além do lançamento dos “Descarbonário”, estava envolvido em vários projetos de clima (…) Estava se movendo bem, estava feliz, dentro do possível (…) Tinha feito recentemente um filme sobre a mãe dele, a Lila, e ele estava indo encontrar exatamente a Lila e o filho Guilherme no sítio em Vassouras, perto de Sacra Família (…) Realmente é uma tristeza muito grade. Uma pessoa que se dedicou a vida toda à ecologia, ao clima, aos amigos, uma pessoa tão generosa, que deixa realmente uma história bonita de vida. E os amigos todos nós estamos realmente devastados, devastados, essa é a verdade.”
A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede Sustentabilidade), publicou uma nota de pesar sobre a morte de Sirkis. Em 2010, ele coordenou a campanha dela à presidência pelo Partido Verde.
“Uma perda irreparável para a luta socioambiental brasileira. O Sirkis foi pioneiro na defesa da ecologia, um defensor intransigente da democracia, um companheiro leal na defesa dos povos da floresta, principalmente através do Chico Mendes. Nos últimos 10 anos se dedicou de corpo e alma à questão das mudanças climáticas, buscando alternativas sustentáveis para essa crise ambiental global. Tudo que alcançarmos daqui para frente em relação ao desenvolvimento sustentável, seu legado será parte de tudo isso,. Uma perda irreparável para todos nós e sua família.”
No Instagram, Flora Gil, mulher de Gilberto Gil, publicou uma nota de pesar pela morte de Sirkis: “Perdemos um amigo. Um grande amigo.”
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) também lembrou da luta política e lamentou a morte de Sirkis. “Estarrecida com a morte precoce de Sirkis num acidente de carro em Nova Iguaçu!!! Foi meu colega na Câmara e de diferentes lutas políticas no Rio. Cruzávamos ideias, um defensor ferrenho do Meio Ambiente. Minha total solidariedade à família e aos seus amigos.”
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) também publicou uma nota nas redes sociais. “Dia triste para quem luta pela democracia e pelo meio ambiente. Perdemos o jornalista, escritor e ativista Alfredo Sirkis. Minha solidariedade à família e aos amigos. Vá em paz, Sirkis. Você fará muita falta ao Brasil.”
O ex-deputado Chico Alencar lembrou, também nas redes sociais, a época em que os dois atuavam na política. “Muito chocado com a morte, em acidente de carro, de Alfredo Sirkis. Fomos colegas de vereança, de Câmara Federal e lutas comuns. Sirkis, devoto da causa ambiental, pensava grande. Deixa um novo livro. Que haja consolo para sua família e que Deus o acolha no Reino Cósmico da Paz.”
O jornalista Fernando Gabeira lembrou do tempo de convívio que tiveram no exílio, e a fundação do Partido Verde. “Conheci o Alfredo Sirkis há mais de 50 anos, no exílio, sempre foi uma pessoa muito estudiosa, um bom escritor, competente, grande quadro da luta ecológica. Fundamos juntos o Partido Verde aqui no Brasil, com outros companheiros. Ele conhecia muito a questão urbana, era um estudioso. E ultimamente se dedicava à questão do aquecimento global. Tanto que o seu livro, publicado há cerca de 15 dias, o seu último livro, chama “Descarbonário”, disse.