O senador Flávio Bolsonaro disse em depoimento ao Ministério Público nesta semana que o ex-assessor Fabrício Queiroz estaria trabalhando com ele no Senado, se não tivesse sido flagrado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) operando ilegalmente milhões em sua conta no esquema de lavagem de dinheiro com funcionários fantasmas em seu gabinete, quando era deputado estadual no Rio.
No depoimento, o senador confirmou que esteve em uma reunião no dia 13 de dezembro de 2018 na casa do empresário Paulo Marinho. Disse que o empresário entendeu mal a conversa que tiveram na ocasião.
O senador explicou que procurava um advogado para ele, e não para Queiroz. E que a sugestão para recorrer a Marinho foi do pai, o então presidente eleito Jair Bolsonaro.
“Foi, mas para mim, não era nada de advogado para o Queiroz. Era uma situação que estava acontecendo, né, todo mundo, a imprensa estava atirando pedra em mim, eu tinha que me defender”, disse Flávio.
O Ministério Público quis saber também o motivo da demissão de Fabrício Queiroz do gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, em outubro de 2018. Se teve relação com o vazamento das investigações da Operação Furna da Onça. Flávio negou.
“Quando ele pediu para sair, ele falou para mim duas coisas: ‘Chefe, eu vou, eu tenho que fazer meu processo de passagem para a reserva da Polícia Militar’. Ele parece que tinha… Quando estava à disposição na Assembleia, ele tinha que retornar à corporação. Aí ele aproveitava para tomar conta da saúde dele”, declarou Flávio. Queiroz saiu do gabinete em seguida à informação do delegado.
Sua filha, Nathalia Queiroz saiu no mesmo dia do gabinete de Jair Boslonaro em Brasília. A ex-mulher e a mãe do miliciano Adriano da Nóbrega foram afastadas alguns dias depois. Raimunda Veras, mãe de Adriano, foi aconselhada por Queiroz a fugir do Rio de Janeiro.
Em seu depoimento, o empresário Paulo Marinho, ex-apoiador de Bolsonaro, disse que nesta reunião do dia 13 de dezembro, o advogado e ex-assessor do senador, Victor Granado, informou que um delegado da PF o havia informado sobre uma operação que atingiria a família Bolsonaro.
Ele disse, entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais, que seria desencadeada uma operação – Furna da Onça – onde havia uma menção à movimentação financeira suspeita na conta de Fabrício Queiroz. O valor, de 2014 a 2017, foi de R$ 7 milhões.
Marinho disse que as informações teriam sido passadas por um delegado da Polícia Federal. Além de Valdenice Meliga, assessora de Flávio, teriam participado do encontro o coronel Miguel Ângelo Braga, atual chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro no Senado, e Victor Granado, advogado de confiança do senador.
Valdenice foi ouvida no dia 28 de julho e negou tudo. “Não tive encontro nenhum. É de uma irresponsabilidade do Paulo Marinho ter me colocado e os outros. Eu não tive encontro nenhum”, afirmou a ex-assessora de Flávio Bolsonaro na Alerj.
Paulo Marinho rebateu as declarações de Valdenice Meliga dizendo que quem mencionou a presença da ex-assessora de Flávio Bolsonaro no encontro com um delegado da Polícia Federal não foi ele, mas sim ex-assessor do senador Victor Granado.