“Na pandemia, eu tenho que dizer e afirmar: o presidente está sendo um fracasso”, declarou o governador de São Paulo, João Doria, em entrevista coletiva na última sexta-feira (07/08).
“Cem mil brasileiros perderam suas vidas até agora. Não era uma gripezinha, não era um resfriadozinho. Não era com a cloroquina que poderíamos ter salvado 100 mil vidas que se foram”, afirmou Doria.
O governador fora indagado sobre a declaração de Bolsonaro, na noite do dia anterior, de que os Estados – e os médicos – estavam falsificando o número de mortos pela COVID-19, incluindo “mortes suspeitas” como se fossem mortes pela epidemia.
“Tem chegado ao conhecimento da gente”, declarara Bolsonaro. “Não vou dizer que são fontes confiáveis, mas chegam essas informações, de que se poupa uma autópsia”.
Tendo ao lado o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, Bolsonaro afirmou que o indício de que haveria aumento falso do número de mortos por COVID-19, é que esses números mostrariam “menos pessoas morrendo de determinadas doenças”.
O Brasil atingiu, na sexta-feira, 99 mil e 700 mortos pela pandemia. E, como disse um epidemiologista, nada há que indique que mais 50 mil não morram nas próximas semanas, apesar dos esforços dos governadores, prefeitos e outras autoridades, sempre contra a política – aliás, a sabotagem – do governo Bolsonaro.
Porém, Bolsonaro, de maneira covarde (“não vou dizer que são fontes confiáveis”), diz que o problema – causado, sobretudo, por ele mesmo – é que governadores e médicos estão aumentando o número de mortos.
“São Paulo não manuseia números”, respondeu o governador João Doria, “e eu tenho a convicção também que outros Estados brasileiros não fazem, através das suas secretarias de saúde, nenhum tipo de manuseio dos números”.
“O presidente tem uma suposição equivocada. Dolosa e nociva, também. Eu gostaria de convidar o presidente Jair Bolsonaro a visitar um hospital de campanha, coisa que ele não fez até agora e que ele tivesse uma postura melhor em relação ao tema do coronavírus. Não fosse negativista e fosse uma pessoa que liderasse o País no combate à pandemia. Aí, sim, ele estaria fazendo jus à sua condição de presidente da República”, disse Doria.
“Na pandemia, eu tenho que dizer e afirmar: o presidente está sendo um fracasso. Tomara que ele se recupere, tomara que ele compreenda que aquilo que já o afetou como vítima do coronavírus que foi, a sua esposa e outros oito ministros, possam servir de exemplo a ele para ter uma conduta menos partidária, menos politizada e menos antagonista. Que ele seja de fato um líder que até agora não foi”.
C.L.