Na última sexta-feira (07), o governador de São Paulo, João Doria, confirmou o adiamento do retorno às aulas presenciais nas escolas estaduais paulistas. A meta inicial era que as aulas fossem retomadas no dia 8 de setembro. A previsão de retorno fica agora para o dia 7 de outubro.
A mudança, no entanto, faculta aos municípios que estiverem na chamada fase amarela, por 28 dias, a decisão de retorno a partir de 8 de setembro.
Em encontro com as entidades estudantis, na semana passada, o secretário da Educação, Rossieli Soares, já havia apontado que o retorno das aulas presenciais só se daria com as condições de saúde necessárias. Durante o encontro, foram apresentados aos estudantes os protocolos que deverão ser tomados quando as aulas forem retomadas.
O novo plano para abertura de escolas foi apresentado na quinta-feira (6), ao Centro de Contingência Contra a Covid-19. A regionalização da abertura das escolas já era discutida no governo há algum tempo, mas a área da educação defendia que ela levaria a mais desigualdades educacionais porque escolas públicas não abririam. A ideia agora é que as escolas que puderem abrir antes comecem com atividades de reforço e acolhimento dos alunos.
O secretário afirmou que os dias 5 e 6 de outubro serão reservados para o planejamento e integração das equipes nas escolas. Inicialmente, a data de abertura seria 5 de outubro, mas pouco antes de a coletiva começar o governador decidiu em reunião com as áreas da saúde e educação que as aulas voltariam dois dias depois para “dar mais segurança”. No dia 2 de outubro será divulgado o mapa atualizado da epidemia no Estado. Ele reforçou que cada escola, das redes pública ou privada, poderá optar pela abertura regionalizada ou não, em até 35% da capacidade de alunos da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental; e de até 20% para estudantes nos anos finais do fundamental e no ensino médio.
“Nós não podemos perder de vista isso. Proteger vidas, mas ao longo do tempo isso também é colocar a educação no centro do debate”, afirmou, citando não só o impacto geracional dos estudantes, mas também os efeitos que o afastamento das aulas impõe à saúde mental dos alunos.
Com a nova regra, o governo deixa a decisão de abertura na mão dos municípios e até dos diretores de escolas, que podem sofrer pressão dos pais para voltarem. Na rede pública, sindicatos de professores defendem que as escolas só retornem quando houver uma vacina para a Covid-19.
Até então, a retomada estava condicionada à permanência de todo o Estado na fase amarela da quarentena por 28 dias. Um decreto previa que, nos primeiros 14 dias, áreas que representem 80% da população do Estado precisariam estar classificadas nessa fase. Nos 14 dias subsequentes, a totalidade do território estadual teria de estar classificada dessa forma.
Estão na fase amarela atualmente as regiões de Araraquara e Baixada Santista, além da capital e sub-regiões Leste, Oeste, Sul e Sudeste da Grande São Paulo. Na coletiva, Doria anunciou que nove regiões de saúde do Estado progrediram para a fase amarela do Plano São Paulo nesta 10ª atualização, que estipula regras para a próxima quarentena que vigora até o dia 23. São elas: Araçatuba, Bauru, Campinas, Marília, Piracicaba, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista, Sorocaba e Taubaté.
Ao todo, 86% da população do Estado está em áreas localizadas em áreas já classificadas na fase amarela do Plano São Paulo, o que equivale a cerca de 15 milhões de habitantes.
Facultativo
A abertura dia 8 de setembro deve respeitar o limite de alunos em sala de aula, com apenas 35% da escola, e protocolos sanitários, como já havia sido divulgado pelo governo. Cada escola – particular ou pública – poderá fazer seu projeto de retorno nessa etapa que o governo está chamando de “fase 1” da volta às aulas. A intenção é que sejam feitas atividades de acolhimento, recuperação, atividades físicas, tutoria e laboratórios nesse período inicial para que a abertura aconteça “aos poucos”, segundo o secretário do Estado da Educação. Ele afirmou que as escolas estaduais estão preparadas para voltar, já que foram comprados 12 milhões de máscaras, 300 mil face shields, 10 mil termômetros e 10 mil totens de álcool em gel para as escolas.
“A ideia é que a gente priorize o atendimento aos estudantes que mais precisam”, explicou, citando alunos que não têm o equipamento necessário para assistir às aulas remotas, têm dificuldade de adaptação às atividades online ou necessidade emocionais. “Eles poderão agregar outras soluções, utilizando os espaços para aulas presenciais”. De acordo com o secretário, as escolas devem continuar com as atividades online nesse período.
Capital Paulista
O secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, que participou da coletiva da sexta-feira, disse que a cidade ainda vai analisar as condições para a reabertura data e deve anunciar a decisão “nas próximas semanas”. Na terça-feira (4), o prefeito disse que ainda não há definição para reabertura. “Estamos analisando os dados e preparando para a retomada, seja em outubro, em dezembro ou no ano que vem”, disse Bruno Covas.
Em pesquisa feita pela Prefeitura, no entanto, 80% dos pais da rede municipal disseram que não pretendem mandar os alunos para as escolas em setembro. Caetano anunciou a construção de 26 novas escolas municipais para que não haja falta de vagas. A Prefeitura ainda confirmou a compra de 2,4 milhões de máscaras em tecido para os alunos e a entrega de kits individuais com sabonete, álcool em gel e uma caneca, para que não haja compartilhamento desses itens na volta às aulas presenciais. Cidades do ABC, também na mesma fase, já declararam que só voltarão às aulas no ano que vem.