Líder comunista russo conclama por ações decisivas para o fortalecimento da União estatal Rússia-Bielorrússia
O líder do Partido Comunista da Federação Russa, Genadi Ziuganov, denunciou o “ataque cínico à Bielorrússia” de parte “das mesmas forças que vêm destruindo a unidade dos povos da Rússia e da Ucrânia” em carta dirigida ao presidente Vladimir Putin e ao bielorrusso Alexander Lukasenko.
Para impedir que “tais planos destrutivos” se tornem realidade, Ziuganov convocou “a passar das declarações e protocolos às medidas concretas, às ações decisivas urgentes para o fortalecimento da União Rússia-Bielorrússia, tanto quanto possível, em todos os campos”.
Dirigindo-se “àqueles que empurram a Bielorrússia para o caos e ensaiam o cenário de um Maidan russo em suas cidades, humilham nossa pátria, difamam nosso passado comum, zombam de nossos feitos heroicos e insultam o mundo russo”, Ziuganov os advertiu de que “estão brincando com fogo!”
“Os russos e os bielorrussos acalentam os ideais de justiça, detestam os princípios da ganância e do oportunismo. Enquanto o grande espírito da Vitória estiver vivo em nós, seremos capazes de fugir de qualquer inferno e escuridão, superar qualquer crise e alcançar novas vitórias históricas”, sublinhou.
“BANDEIRA NAZISTA“
Lembrando do papel desempenhado na Ucrânia pela “lepra laranja”, Ziuganov registrou que a “oposição” em Minsk foi levada “a erguer a bandeira que as autoridades nazistas já reconheciam como a bandeira oficial no território da Bielorrússia, ocupado em 1942”.
Hoje – alertou – vemos tentativas de conduzir o povo que desafiou os invasores nazistas pelo caminho da colonização e destruição da economia e da cultura. “Como de costume, isso está sendo feito sob o pretexto de tornar o país parte do ‘mundo livre’”.
Como destacou Ziuganov, “no caminho de nossas aspirações fraternas estão os interesses egoístas do capital transnacional sintetizados pelos EUA e seus aliados da OTAN. Na tentativa de evitar que o capitalismo global se afunde em uma crise em grande escala, utilizam-se de diversos mecanismos das guerras híbridas, ampliam sua expansão e fomentam o caos administrado”.
“Os tentáculos deste polvo já dominaram a Ucrânia, a camarilha de Bandera assumiu o poder em Kiev a fim de impor ao país fraterno a escravidão econômica, fortalecer a aliança contra a Rússia na Europa Oriental e formar o ‘cordão sanitário Báltico-Mar Negro’”, denunciou.
CONQUISTAS ÚNICAS
Ziuganov ressaltou que a Bielorrússia teve sucesso “não apenas em preservar, mas também em aproveitar o melhor da experiência soviética”.
Como ele apontou, ao longo do último quarto de século, a Bielorrússia tem aumentado constantemente seu potencial econômico.
“Se as forças antinacionais, seguindo o exemplo dos ‘mentores’ em Washington, Varsóvia e Vilna, conseguirem destruir essas conquistas únicas, será o fim do jovem Estado da Bielorrússia”, alertou.
Ele acrescentou que seria também “um duro golpe aos interesses da Rússia, privando-a de um aliado muito importante e confiável no continente, o que ameaçaria a segurança e a estabilidade em todo o espaço eurasiano”.
Para Ziuganov, a união duradoura entre Rússia e Bielorrússia “é a base da segurança econômica, política e militar, o elemento-chave da segurança dos membros da Comunidade de Estados Independentes e da União Econômica da Eurásia, o que nos impõe uma responsabilidade especial”.
Esse ataque à Bielorrússia, enfatizou, “está planejado há algum tempo” e no momento atual “está ligado às eleições presidenciais de 9 de agosto de 2020”. “Seu objetivo estratégico é destruir a condição de Estado da Bielorrússia e nossa união e, assim, enfraquecer todos os países da CEI e cortar seus laços de integração”.
“O NÚCLEO DO MUNDO RUSSO”
Ziuganov fez referência a seu artigo-manifesto de maio, “o núcleo do poder russo”, dedicado “à irmandade milenar dos povos que se tornou o núcleo do mundo russo, às suas realizações notáveis coroadas com a grande era soviética”. Abrange também “os difíceis desafios que enfrentamos hoje”, acrescentou.
Como o líder comunista assinalou, esse trabalho está dirigido tanto à liderança da Rússia quanto aos Chefes de Estado “unidos por um destino histórico comum e uma aliança de longa data”. A destruição da URSS, a maior catástrofe mundial, infligiu pesados danos aos povos eslavos, violando sua integridade territorial e ameaçando sua comunidade política, socioeconômica e cultural, sublinhou.
Para Ziuganov, “a dura questão que enfrentamos é a da sobrevivência, a preservação da paz civil e a salvação de nosso Estado, que está sendo ameaçado, cada vez mais abertamente, por inimigos externos liderados pelas elites políticas, financeiras e militares dos Estados Unidos”.
O que acontece – registrou – na forma de “sanções econômicas, guerra de informação e forte pressão política ao longo das nossas fronteiras”. O destino da Rússia e de todos os povos que vivem no antigo território soviético “depende da solução deste problema”.
Ziuganov se disse convencido que os líderes russo e bielorrusso estão cientes da seriedade dos desafios modernos. “Todas as pessoas com mentalidade patriótica compreendem que só podemos dar-lhes uma resposta adequada se confiarmos nas estreitas relações aliadas e defendermos os nossos interesses comuns”.
TAREFA PRIORITÁRIA
Aspiração que formou a base do Estado União Rússia-Bielorrússia, cuja criação foi “o passo fundamental para superar as consequências do desastroso conluio Belovezhskaya de 1991” [a reunião que deu fim à URSS].
Intensificar o fortalecimento da União Rússia-Bielorrússia é a “tarefa prioritária” nesse quadro, apontou Ziuganov.
“A questão deve ser discutida nas primeiras sessões do Conselho de Segurança da Rússia, da Duma e do Conselho da Federação. Deve ser elaborado um programa bem definido de interação política, econômica, social, científica e cultural dos Estados irmãos, em face de uma ameaça histórica”.
PROGRAMA DE AÇÃO
Ziuganov enumerou um programa de ação para levar a cabo essa “tarefa prioritária”, no entendimento do PCFR e das forças patrióticas populares russas:
- “Tornar prática regular as sessões conjuntas dos governos russo e bielorrusso. Garantir o funcionamento eficaz do parlamento da União Rússia-Bielorrússia, em uma base permanente. Criação de um fundo comum para o desenvolvimento. Todos os órgãos governamentais dos dois países são chamados a elaborar e implementar em tempo hábil decisões estratégicas e táticas comuns.
- “Ampliação da cooperação econômica mutuamente benéfica, à base de relações duradouras. É necessária uma análise calma e objetiva de toda a gama de nossos vínculos comerciais e econômicos. Já é tempo de resolver os problemas nesta esfera.
- “Fortalecimento máximo da interação entre as regiões da Rússia e da Bielorrússia e cidades irmãs com a criação de uma ampla rede de empresas mistas. Sobretudo em áreas como eletrônica, agricultura, indústria têxtil, de muito sucesso nos anos soviéticos.
- “Aumento significativo de vagas em estabelecimentos de ensino superior russos para alunos da fraterna Bielorrússia. A Polônia ativamente tem jovens bielorrussos matriculados em suas universidades. Ações agressivas dos campeões da “liberdade” sob a bandeira dos ocupantes nazistas são uma indicação eloquente do que as universidades de Varsóvia e Cracóvia ensinam. O núcleo dos ativistas é formado por aqueles que assistiram ao “curso de palestras” dos chauvinistas que acalentam os sonhos imperiais de reviver a Rzeczpospolita, cujos nobres não consideravam os bielorrussos seres humanos e os tratavam como escravos.
- “Organizar estágios regulares para jovens cientistas talentosos na Academia Russa de Ciências nos principais centros de ciência em Moscou, Akademgorodok de Novosibirsk (Cidade das Ciências) e outras regiões do nosso país. Treinamento no local de trabalho para especialistas russos em empresas líderes da Bielorrússia, cuja produção bem-sucedida e experiência social merecem ser utilizadas na Rússia. Basta mencionar a Fábrica de Tratores de Minsk, que monta um em cada três tratores na Europa e um em cada dois tratores na Rússia.
- “Fomentar os vínculos entre as jovens gerações dos dois povos irmãos. Um excelente exemplo é o dos membros da Liga dos Jovens Comunistas da Rússia, Bielorrússia e Ucrânia, que têm experiência em projetos conjuntos de atuação.
- “Expansão significativa das atividades de diplomacia entre os povos. É preciso atrair um amplo espectro de forças sociais em nossos países para os processos de integração de acordo com o princípio: “Quanto mais forte a base, mais forte é a construção”. Valorização do papel da Rossotrudnivhestvo (Agência Federal para Assuntos da Comunidade de Estados Independentes).
- “Trabalho concertado da Rússia e da Bielorrússia para combater o Covid-19. Fornecimento de vacinas antivírus de fabricação russa a todos os cidadãos do Estado da União.
- “Aprofundamento da cooperação em defesa. O Exército da República da Bielorrússia é uma confiável proteção para as próprias fronteiras e as da Rússia. Uso mais ativo do potencial da indústria bielorrussa de defesa de alta tecnologia por parte da Rússia. Na substituição de importações, estar ciente de que os complexos da indústria de defesa da Rússia e da Bielorrússia estão há muito profundamente integrados.
- “Amplo uso de nosso potencial cultural, linguagem comum, tradições, conquistas históricas. Apoio aos meios de comunicação que contribuam para o fortalecimento dos vínculos entre os nossos povos. A Rússia deve atuar quanto aos meios de comunicação que têm apoio estatal e às corporações estatais que têm estado do lado das forças anti-russas. A Bielorrússia precisa examinar mais de perto as atividades provocativas de alguns veículos de comunicação russofóbicos.
Ziuganov exortou Putin e Lukashenko a “tomarem as medidas adequadas para remover quaisquer obstáculos no caminho das nossas relações”, acrescentando que isso contará “com o sólido apoio dos nossos povos, os patriotas da Rússia e da Bielorrússia”.
IRMANDADE MILENAR
“Permitam-me enfatizar novamente: a amizade entre a Rússia e a Bielorrússia, o fortalecimento do jovem Estado da Bielorrússia e do Estado da União como um todo são as garantias de nossa sobrevivência comum e de um desenvolvimento bem-sucedido”, reiterou o líder comunista russo.
“Devemos estar cientes de que o mundo está entrando em um período de convulsões políticas e socioeconômicas, desencadeadas pela crise irreversível do projeto estadunidense de expansão global neoliberal”, assinalou Ziuganov, acrescentando que as eleições presidenciais nos EUA “podem desencadear uma nova espiral”.
“A perspectiva de colapso das bases políticas, financeiras e econômicas do capitalismo global está emergindo na agenda mundial. Para nos mantermos firmes no ponto de inflexão histórico, para não sermos enterrados sob os escombros de um sistema decrépito, para garantir nossa independência e desenvolvimento – nossos povos devem estar em estreita aliança um com o outro”, destacou.
“Nós – bielorrussos, ucranianos e russos – temos raízes comuns e alcançamos grandes sucessos juntos. Se mantivermos nossa razão e alma, nenhum inimigo será capaz de enterrar nossa antiga irmandade, a unidade inquebrantável e um futuro digno!”, concluiu.