Investigado era casado com Ana Maria de Siqueira Hudson, tia de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher de Jair Bolsonaro. Ele fez saques de R$ 260 mil em dinheiro vivo
A quebra de sigilos bancários de funcionários fantasmas envolvidas na lavagem de dinheiro nos gabinetes de Flávio e Carlos Bolsonaro na Assembleia Legislativa e Câmara do Rio revela que um parente da ex-mulher de Bolsonaro, Guilherme Henrique dos Santos Hudson, que cursou Agulhas Negras junto com o ex-capitão, era assessor de Flávio, fez saques que somam R$ 260 mil em dinheiro vivo e tinha mulher e filhos nomeados nos gabinetes de Flávio e Carlos.
O militar é casado com Ana Maria de Siqueira Hudson, tia de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher de Jair Bolsonaro. Eles possuem três filhos e apenas um integrante dos Hudson nunca constou como assessor da família Bolsonaro. Segundo O Globo, as retiradas de Hudson, superiores a R$ 10 mil em cada ocasião, foram identificadas pelo banco com uma observação: “procedimento indica saque em espécie”, registro obrigatório nas instituições financeiras em operações desse tipo.
Uma das funções de Hudson era fazer as declarações de imposto de renda de vários investigados nos últimos anos. Os documentos da fisiculturista Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina, foram entregues para a Receita Federal com um endereço na rua Erick Nordskog, no bairro Jardim Brasília 2, em Resende, local onde mora Hudson e sua mulher. As declarações de 2013 a 2018 foram todas entregues com esse endereço e o telefone do militar. Andrea nunca morou nesse endereço.
Na família Hudson, são cinco pessoas investigadas. O coronel e a mulher são alvo do MP nas investigações sobre Flávio e Fabrício Queiroz. Ele e a mulher tiveram o sigilo quebrado e foram alvo do mandado de busca e apreensão em dezembro do ano passado. Já no caso de Carlos estão o filho Guilherme, Ananda e Monique, as duas noras.
Na tarde do dia 30 de outubro de 2019, o coronel e o filho estiveram no gabinete de Carlos. No dia 9 de novembro, pouco mais de uma semana depois, Guilherme prestou depoimento aos promotores do MP.
Um de seus filhos e duas noras ocuparam cargos no gabinete de Carlos Bolsonaro ao longo desses anos. Guilherme de Siqueira Hudson, ainda estudante de Direito, foi transformado em chefe de gabinete em 2008, mas vivia em Resende e sequer teve crachá até o fim de 2017, conforme reportagem da revista Época.
A maior parte dos saques ocorreu no ano de 2016, quando foram feitas 11 retiradas de dinheiro. Os dados indicam que as operações eram feitas mensalmente, normalmente no mesmo valor, entre R$10 mil e R$12,1 mil.