Maior alta no acumulado do ano desde 2016. Alimentos, energia elétrica, transportes e combustíveis pressionam custo de vida
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a “prévia da inflação” oficial, divulgado nesta terça-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou alta de 1,06% em dezembro e fechou o ano de 2020 com aumento de 4,23%. Em novembro, a taxa foi de 0,81%.
O resultado é o maior acumulado no ano desde 2016 (6,58%). Em 2019, o acumulado do IPCA-15 foi de 3,91%.
ALIMENTOS CONTINUAM PUXANDO A ALTA
O aumento do preço dos alimentos continua puxando a alta da inflação e pesando no bolso do consumidor na virada do ano. O grupo Alimentação e Bebidas encerrou o ano com alta acumulada de 14,36%, a maior para um ano desde 2002, quando registrou 18,11%.
Os destaques ficaram por conta do aumento dos alimentos para consumo no domicílio (2,57%), como carnes (5,53%), arroz (4,96%) e frutas (3,62%). A batata-inglesa (17,96%) e o óleo de soja (7,00%) também subiram de preço na prévia da inflação de dezembro, apesar de apresentaram desaceleração na comparação com novembro, registraram altas de 33,37% e 14,85%, respectivamente.
Diante da omissão do governo Bolsonaro que não fez nada para controlar os preços dos alimentos durante a crise sanitária e com o fim do auxílio emergencial que vai deixar 59 milhões de brasileiros sem renda na virada do ano, comprar comida vai ficar ainda mais difícil diante da carestia e do desemprego recorde, já que a maior parte da ajuda emergencial foi usada na compra de comida. Mas não foram só os preços dos alimentos que pesaram no bolso do consumidor.
Segundo o IPCA-15, em dezembro, apenas o grupo Vestuário apresentou queda (-0,44%), todos os preços dos demais grupos pesquisados subiram.
CONTA DE LUZ MAIS CARA
A segunda maior variação do IPCA-15 de dezembro veio do grupo Habitação (1,50%), contribuindo com 0,23 p.p. no índice. A principal influência do grupo foi a alta do item energia elétrica (4,08%), puxada pela volta da bandeira vermelha ao patamar 2 (com acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora consumidos), após dez meses consecutivos de bandeira verde (em que não há cobrança adicional na conta de luz).
TRANSPORTE E COMBUSTÍVEIS
O grupo de Transportes (1,43%) também acelerou em dezembro no IPCA-15 de dezembro, em relação a novembro (1%). A maior contribuição (0,14 p.p.) veio das passagens aéreas, que subiram 28,31%. Além disso, os combustíveis (2,40%) registraram aumento frente a novembro, com destaque para a gasolina (2,19%) e o etanol (4,08%).
Todas regiões pesquisadas apresentaram alta, com destaque para Porto Alegre (1,53%), por conta das altas em energia elétrica (6,05%) e carnes (6,89%).
Segundo o IBGE, para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados entre 13 de novembro e 11 de dezembro de 2020 (referência) e comparados aos vigentes entre 14 de outubro e 12 de novembro de 2020 (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.