Os governadores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná cobraram apoio do governo federal no combate à pandemia de coronavírus. A região sul do país está à beira do colapso do sistema de saúde devido ao aumento dos casos e das internações.
Em reunião virtual realizada na terça-feira (23), os governadores Eduardo Leite (RS), Carlos Moisés (SC) e Ratinho Júnior (PR) afirmaram que há um consenso de que a doença e a transmissão se comportam de maneira similar nos três estados e a ideia é ampliar a assertividade sobre o combate.
“Foi uma reunião de trabalho no sentido de buscar soluções em conjunto no relacionamento com o Ministério da Saúde. Os três estados precisam fazer essa defesa sobre insumos, vacinas e ter esse alinhamento estratégico. A troca de experiências é muito importante porque as atitudes positivas de um estado geram impactos em todos”, disse Ratinho Junior.
“Queremos destacar os pontos aos quais o Ministério da Saúde precisa estar atento no que diz respeito à região Sul no enfrentamento à pandemia”, resumiu Leite.
Entre os assuntos, estão a disponibilização de medicamentos necessários nas UTIs, devido ao expressivo aumento no número de internações, o custeio de leitos de UTI e a questão da distribuição de doses de vacinas aos Estados.
Nos últimos 15 dias, o Rio Grande do Sul tem vivenciado um crescimento de internações em leitos clínicos e de UTI, o que culminou em 11 regiões do modelo de Distanciamento Controlado classificadas em bandeira preta. Para conter o avanço do contágio, o governador determinou a suspensão geral de atividades, das 20h às 5h, pelo menos até as 5h do dia 2 de março.
“Trocamos experiências sobre as ações de cada estado. Precisamos nos unir e adotar as melhores estratégias para conter o vírus e proteger a população. Santa Catarina tem a menor taxa de letalidade do país e teve destaque nacional como uma das melhores gestões diante da pandemia. Mas precisamos do apoio de todos para frear o aumento dos casos da Covid-19. O momento pede união e solidariedade”, destacou Carlos Moisés.
Na terça-feira, a taxa de ocupação de leitos de UTI adulto no Rio Grande do Sul é de 86,4% – 2.327 leitos ocupados, de um total de 2.694. Em Santa Catarina, dos 1.576 leitos de UTI ativos, 1.403 (89,02%) estão ocupados. No Paraná, são 1.253 leitos de UTI exclusivos para atendimento Covid-19, dos quais 1.143 (91%) estão ocupados.
De acordo com o Comitê de Dados, o Rio Grande do Sul, com 5,4% da população nacional, correspondeu a 1,9% do excesso de óbitos acumulados no país durante a pandemia em 2020. O Paraná, com população semelhante, respondeu por 3,1% do excesso de óbitos nacional. Santa Catarina, com 3,4% da população brasileira, correspondeu a 1,6%.
No que diz respeito à população acima de 60 anos, o Rio Grande do Sul tem 7,3% da população e, nesta faixa etária, o excesso de óbitos no Estado correspondeu a 1,7% do excesso de óbitos acumulado no país em 2020. O Paraná, com 5,9% da população, respondeu por 2,4% do excesso de óbitos nacional, e Santa Catarina, com 3,6% da população, correspondeu a 1,5%.
Ratinho Jr. também considerou ainda que o toque de recolher, adotado desde o começo de dezembro no Paraná, ajudou a controlar a questão dos traumas, que podem acarretar em lotação de leitos.
“Temos realidades muito parecidas, principalmente nos últimos dez dias. Houve uma aceleração de casos e internações e o aumento do volume de jovens internados, ficando em média 11% a mais hospitalizados em relação aos idosos. Antes eles eram assintomáticos ou casos leves. E agora há muitos registros de casos graves em outras faixas populacionais”, afirmou Ratinho Junior. “Com a chegada da vacina também houve um relaxamento das pessoas, o que também é comum aos estados, mas a imunização requer tempo e não pode haver descuido nesse caminho”, disse.