Ao menos 18 estados estão com problemas de abastecimento de remédios utilizados para intubação de pacientes com Covid-19 nas UTIs. O alerta é do presidente do Fórum dos governadores, o governador Wellington Dias, que enviou ofício ao Ministério da Saúde e à Presidência da República solicitando ajuda para resolver a situação. De acordo com o documento, 11 medicamentos utilizados na intubação estariam em falta ou em baixa cobertura.Há previsão de que os insumos terminem no máximo 20 dias, em 10 estados.
Já os bloqueadores neuromusculares estariam em falta ou com previsão de acabar em 20 dias, em pelo menos 18 estados. O Secretário-Executivo do Conass, Carlos Lula, destacou a necessidade urgente de o Ministério da Saúde comprar esses medicamentos no exterior, para a normalização no abastecimento no país.
Os governadores pediram, além de monitoramento contínuo da situação dos estoques de remédios, que seja feita uma compra emergencial e contínua no período de 30 dias. Solicitaram ainda o estabelecimento de uma conduta nacional para que cirurgias eletivas sejam adiadas por no mínimo 60 dias nos hospitais públicos e privados.
Em entrevista ao Jornal Nacional, Carlos Lula explicou que a produção brasileira de medicamentos não deve atender a demanda crescente nos hospitais do país, que pode se estender por todo o mês de março até as duas primeiras semanas de abril.
Em 25 estados brasileiros, as UTIs estão lotadas com fila de espera por vagas. Nos estados do Sul, mais de 2 mil pacientes aguardam um leito de UTI.
Carlos Lula, que também preside o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), também afirmou na quarta-feira (17), que prevê forte pressão sobre o sistema de saúde do país nas próximas seis semanas, devido ao aumento do número de internações por Covid-19.
Ele alerta que já há registro de mortes de pacientes com Covid-19, em filas de espera por leitos no sistema de saúde do país, principalmente na região Sudeste.
“Com o nível de ocupação dos leitos, que nós estamos tendo no atual momento, a gente começa a perder pacientes na fila. Isso tem acontecido, sobretudo, no sudeste do país, que são os maiores sistemas de saúde do Brasil. Essa situação ainda deve se agravar. A gente continua com os sistemas lotados, com a fila muito grande, eu acredito que nós teremos seis semanas muito difíceis, até meados de abril”, disse.
O secretário disse que há uma previsão, de que nas próximas semanas, o estado de São Paulo possa atingir 100% de ocupação de leitos para Covid-19. Nesta quinta-feira, a ocupação geral de leitos de UTI nas redes pública e privada chegou a 89,9% no estado e em 90,6% na Grande São Paulo.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou na terça-feira (16) que o Brasil passa pelo “maior colapso sanitário e hospitalar da história”. O monitoramento divulgado pela instituição aponta que 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de leitos de UTIs do Sistema Único de Saúde (SUS) iguais ou superiores a 80%.
Além disso, 15 estados estão com taxas de ocupação de UTIs iguais ou superiores a 90%. Entre as capitais, 25 estão com taxas de ocupação das UTIs superiores a 80%; entre elas, 19 têm a taxa acima de 90%.
Para o secretário, a expectativa é que as internações e mortes por Covid-19 comecem a cair a partir do mês de maio, com o início da vacinação do público acima de 60 anos. Segundo Carlos Lula, esta é a faixa-etária da população que mais se interna, por conta de complicações causadas pelo novo coronavírus.
“A partir de maio eu acho que o número de óbitos vai cair consideravelmente. Porque a gente vai atingir um público para vacinar, que é o público que mais se interna, a população acima de 60 anos. Então, eu acredito que até o final do mês de abril a gente vacine todo mundo nesse público ou acima disso, o número de internações de óbitos e internações deve cair”, completou.
O Conass diz que há uma preocupação com a demora na expansão de leitos para a Covid-19. O conselho afirma que neste momento, deve haver uma reunião entre todos os estados e uma atenção maior por parte do Ministério da Saúde, ao tentar prover esses insumos.
“E de outro lado, tentar expandir leitos. A gente precisa de uma reunião de todos, para expandir leitos e ver o que é indispensável nesse momento. Vai faltar kit intubação no país, vai faltar monitor, vai faltar bomba de infusão e o Ministério da Saúde tem que tentar prover isso”, disse Carlos Lula.