O Brasil registrou nesta sexta-feira (19) mais 2.815 mortes em decorrência do coronavírus. Em uma semana repleta de recordes diários negativos da pandemia, o país ultrapassa a marca de 290 mil óbitos. Os dados, divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), mostram que esse é o 2° pior dia da pandemia até o momento.
Esta sexta-feira ficou a 27 óbitos de bater o que, até agora, foi o pior recorde, registrado na terça-feira (16), com 2.842 casos. O país registrou ainda o maior número de casos diários de Covid-19 desde o começo da pandemia. Em apenas 24 horas, foram registradas oficialmente 90.570 infecções.
No período de sete dias, desta sexta até a última (12), foram contabilizadas 17.410 mortes por Covid-19. Ao todo, o Brasil tem 290.314 vidas perdidas para a doença em pouco mais de um ano de pandemia. O total de casos chegou a 11.871.390.
Diversas autoridades e instituições de saúde alertam, contudo, que os números reais devem ser ainda maiores, em razão da falta de testagem em larga escala e da subnotificação de óbitos.
Um quarto das mortes do mundo acontecem no Brasil
Até ontem, de cada quatro pessoas que morreram de Covid-19, nesta semana, em todo o planeta, uma estava no Brasil. Embora o país tenha somente 2,7% da população mundial, a rápida escalada da doença nos últimos faz com que respondamos por 23% das mortes causadas pelo novo coronavírus no mundo.
O balanço da vacinação contra Covid-19 desta sexta-feira aponta que apenas 11.492.854 pessoas receberam a primeira dose de vacina contra a Covid-19, segundo dados divulgados até as 20h. O número representa apenas 5,43% da população brasileira.
A segunda dose foi aplicada em 4.122.203 pessoas (1,95% da população do país) em todos os estados e no Distrito Federal. No total, 15.615.057 doses foram aplicadas em todo o país.
A taxa de ocupação dos leitos de UTI no Brasil está acima de 90% em 16 estados da federação. Em três deles, a taxa de ocupação é acima de 100% – há mais pacientes do que leitos disponíveis. Entre os 26 estados e o Distrito Federal, apenas Roraima e o Rio de Janeiro têm uma ocupação abaixo de 80%. Este, porém, tem verificado um crescente de casos e deve ultrapassar a barreira de 80% de ocupação em pouco tempo. Em São Paulo, pela primeira vez na história, a rede privada pediu leitos ao SUS – usualmente, o que acontece é o contrário: a rede pública de saúde é quem aluga leitos privados para dar conta da demanda.
Para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o país vive a maior crise sanitária e hospitalar de sua história. Em São Paulo, 73 pessoas morreram a espera de um leito de UTI desde o inicio de março.
Além da alta taxa de ocupação dos leitos de UTI, há também o estresse nas enfermarias, para onde vão os pacientes menos graves. E a falta de suprimentos essenciais, como oxigênio, que gerou mortes por asfixia em Manaus, mas diversas cidades brasileiras estão com estoques baixos de oxigênio. Além disso, remédios para a intubação de pacientes, como sedativos e bloqueadores musculares já acabaram em cidades menores e o baixo estoque preocupa secretários de Saúde de todo Brasil, os fazendo pedir socorro urgente ao Ministério da Saúde.
Para justificar a falta de uma política eficaz de combate a pandemia que dura mais de um ano, o presidente Jair Bolsonaro questionou apoiadores na quinta-feira (18/7) sobre existir algum país que esteja lidando bem com a covid e afirma ser uma vítima de guerra política.
“Qual país do mundo que está tratando bem a questão da Covid? Aponte um. Em todo local está morrendo gente. Agora, aqui, virou uma guerra contra o presidente. Um dos raros países onde querem derrubar o presidente é aqui”, questionou.
Oito semanas de caos
Enquanto o país se aproxima dos 300 mil mortos pela pandemia, o presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, fez uma alerta: a situação grave de colapso iminente vai durar, pelo menos, oito semanas.
Em entrevista à CNN nesta sexta-feira (19), o secretário de Saúde do Maranhão afirmou que os sistemas de saúde devem continuar operando em sua capacidade máxima e sendo pressionados até maio.
“A tendência é que isso permaneça, nada aponta que vá diminuir agora. Talvez em meados de maio, se a gente tiver vacinado a população acima de 60 anos até o final de abril, tenha uma redução para 15 a 20 mil mortos por mês. Antes disso é improvável uma diminuição”, prevê o especialista.
Carlos Lula diz que espera atitudes do Ministério da Saúde, como a aquisição de equipamentos e medicamentos para intubação. Nessa quinta-feira, 13 governadores enviaram ofício ao governo federal alertando que os estoques nacionais de remédios para UTIs podem acabar em até 20 dias.
“Já faltam respiradores, monitores, o Brasil já não tem mais bombas de infusão no mercado para vender. Vai faltar medicamento para intubar pacientes. Se não tiver um comitê diário de crise para monitorar isso e o Ministério da Saúde tomar providências, as próximas semanas serão ainda mais duras”, alerta Carlos Lula.
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