Segundo o Conass, 6,3 mil pessoas aguardam na fila por vaga em UTI
O Brasil bateu nesta sexta-feira (26) um novo recorde de mortes diárias por Covid-19. Em apenas 24 horas, foram registrados oficialmente 3.650 óbitos ligados à doença, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).
Os dados do Ceará não foram fornecidos pelo Conass por problemas técnicos no sistema de informação.
Com o novo balanço, o total de vítimas da doença é de 307.112 no Brasil. Em relação aos infectados, o país registrou 84.245 novos casos de coronavírus em em apenas um dia, somando agora 12.404.414 infecções desde o início da epidemia.
O ranking de número de mortes segue liderado pelo estado de São Paulo, que tem 70.696 óbitos causados pela Covid-19. O Rio de Janeiro continua em segundo lugar, com 35.758 mortes, seguido por Minas Gerais (22.887), Rio Grande do Sul (18.349) e Paraná (15.939).
A alta no número desta sexta-feira reflete, em parte, a tentativa de alteração da ficha de registro de óbitos que o governo federal tentou impor a estados e municípios com o objetivo de ocultar as mortes por coronavírus. A mudança iniciada na quinta-feira (25) causou uma redução artificial dos registros de óbitos. Após denúncia dos governos estaduais, o recém empossado ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse não compactuar com “maquiagem” dos números e reverteu a decisão que, segundo ele, tinha sido tomada sem o seu conhecimento.
Fila por UTI
Na quinta-feira (25), o país atingiu a marca de 6.371 pessoas esperando pela liberação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para tratamento de infectados com Covid-19. A informação foi confirmada pelo presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, que dirige também a secretária de Saúde do Maranhão.
Com o sistema de Saúde do país em colapso, a tendência é de agravamento da situação. Enquanto milhares aguardam por um leito, Estados e Municípios lutam ainda para garantir o fornecimento de oxigênio e dos medicamentos necessários para a intubação dos pacientes.
Somente no estado de São Paulo, são mais de 1.500 infectados com o coronavírus, que precisam ser internados em UTIs e não encontram vagas.
Levantamento do Observatório Covid-19 da Fiocruz da última terça-feira (23), apontou que os dados relativos às taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 continuam apontando para um quadro extremamente crítico no país.
Apesar de o Amazonas ter saído da zona crítica para a zona de alerta intermediário, com taxa de 79%, há a piora do indicador em alguns estados, com destaque para os da região Sudeste.
Na última semana, a taxa cresceu em Minas Gerais de 85% para 93%, no Espírito Santo de 89% para 94%, no Rio de Janeiro de 79% para 85% e em São Paulo de 89% para 92%. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, todos os estados e o Distrito Federal mantiveram-se com taxas superiores a 96%, com registro de valor superior a 100% no Mato Grosso do Sul (106%) – o que indica, segundo os pesquisadores, o uso de leitos não habilitados para Covid-19 no atendimento da demanda imposta ao sistema de saúde pela doença.
Na região Nordeste, Piauí (96%), Ceará (97%), Rio Grande do Norte (96%) e Pernambuco (97%) destacaram-se com as piores taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos. Com exceção de Paraíba, nos demais estados as taxas estão entre 85% e 89%.
Na Região Norte, Rondônia (100%), Acre (94%) e Amapá (99%) apresentam taxas superiores a 90%, e Pará (88%) e Tocantins (88%) apenas um pouco abaixo do patamar. Dezenove capitais estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos iguais ou superiores a 90%: Porto Velho (100%), Rio Branco (94%), Macapá (99%), São Luís (95%), Teresina (99%), Fortaleza (96%), Natal (96%), João Pessoa (93%), Aracajú (91%), Belo Horizonte (107%), Vitória (96%), São Paulo (92%), %), Curitiba (100%), Florianópolis (98%), Porto Alegre (103%), Campo Grande (106%), Cuiabá (99%), Goiânia (98%) e Brasília (99%). Outras seis capitais estão com taxas superiores a 80% e inferiores a 90%: Belém (88%), Palmas (88%), Recife (88%), Maceió (89%), Salvador (87%) e Rio de Janeiro (83%).
Manaus, única cidade do estado a possuir leitos de UTI Covid-19, ecoa a taxa do Amazonas (79%), enquanto Boa Vista, capital de Roraima, com um único hospital com 90 leitos de UTI para adultos, apresenta a taxa de 64%.