O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) publicou um artigo em que afirma que “é hora de promover a junção das forças capazes de se contrapor a eventuais estrebuchamentos autoritários, antes que surjam propostas que nos levem a eles”.
FHC anunciou que se juntará com os “políticos que se dispõem a agir para evitar que a mesmice predomine”.
“Defendamos a Constituição da República, que é democrática, e saudemos os políticos que creem que é melhor apoiar quem possa chegar à Presidência sem representar um extremo”.
“Apresentemos aos brasileiros, quanto antes, um programa de ação realista, que permita juntar ao redor dele os partidos e as pessoas para formar um centro que seja progressista, social e economicamente”, continuou.
FHC acredita que ainda “é cedo para saber” quem será a liderança desse campo que está sendo construído.
No artigo denominado “A hora se aproxima”, que foi publicado no Estadão, o ex-presidente avalia que apesar da ofensiva de Jair Bolsonaro, que demitiu o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva por defender a Constituição, um golpe de Estado não esteve perto de ser realizado.
Como resposta a Bolsonaro, os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica deixaram seus cargos.
Para FHC, “nenhum dos atuais comandantes, antigos ou novos nos postos, imagina que ‘um golpe’ resolva a situação. Não sei o que se passa na cabeça presidencial, mas, ainda que desejasse um ‘golpe’, com que roupa? Basta ler as declarações dos militares que partiram ou dos que chegaram: quase todos falam em respeitar a Constituição e agir dentro da lei”.
“Não me parece haver clima, no País e na parte do mundo a que estamos mais vinculados, para aventuras. Dado o porte de nossa economia e a quantidade de questões sociais e econômicas a serem enfrentadas, por que uma pessoa razoável aumentaria as nossas angústias? E as que não são razoáveis? Estas precisam dispor de um clima favorável a suas loucuras, o que não me parece ser o caso”, acrescentou.
Ainda assim, devemos estar vigilantes contra as intenções golpistas de Bolsonaro, disse. “Devemos dizer, com firmeza, sim ao que queremos e não ao que nos assusta. Não é hora de calar, nem de fazer algazarra. Aproveitemos o quanto possível para, com equilíbrio, mostrar a insensatez de concentrar poderes nas mãos de quem quer que seja, pessoa ou instituição”.