O ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que foi preso, teve seu mandato cassado e está em prisão domiciliar desde março de 2020, defendeu Jair Bolsonaro em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, e disse que “se estivesse no poder” estaria do lado de Bolsonaro.
“Se estivesse no poder, eu o apoiaria, com eventuais críticas pontuais, mas sempre estaria na posição oposta ao PT”, afirmou.
Na entrevista, o condenado por corrupção fala sobre seu livro em que atira para todo lado “Tchau, Querida: O Diário do Impeachment”, sobre o processo contra a ex-presidente Dilma Rousseff, que o ex-deputado está lançando.
Cunha foi condenado a 14 anos e 5 meses por corrupção na aquisição de direitos de exploração de petróleo em Benin, na África, pela Petrobrás. Ele ainda foi condenado a 15 anos e 11 meses de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por recebimento de propina em contratos de fornecimento de 2 navios-sondas.
Perguntado sobre a descrição positiva que faz de Bolsonaro no livro, ele diz que “a avaliação sobre Bolsonaro está de forma superficial, em cima de fatos concretos”. “Relato a sabotagem de Rodrigo Maia [presidente da Câmara entre 2019 e 2020] ao governo e o fato de que Bolsonaro sofre uma perseguição implacável de quase a totalidade da mídia”, diz.
Segundo Eduardo Cunha, “é preciso ter em conta que vivemos em uma dupla opção, entre o PT e o anti-PT. Nunca existiu terceira via em todas as eleições desde 1989 e não existirá na próxima. Não vejo ninguém para isso. Entre Bolsonaro e o PT, não tenho a menor dúvida de ficar com Bolsonaro. Qualquer opção é melhor que a volta do PT”, disse.
Para o ex-presidente da Câmara, “quem elegeu Bolsonaro porque não queria a volta do PT tem a obrigação de dar a governabilidade a ele”.
Ele também quer anular suas condenações, como aconteceu com Lula.
Na entrevista, ele ataca o ex-juiz Sérgio Moro, acusando-o de ser “o chefe de uma organização política que, usando os mesmos critérios da Lava Jato, poderia ser considerada uma organização criminosa”. Segundo ele, “sua parcialidade não era só com o Lula, mas também com relação a mim”.
Sobre Michel Temer, Cunha conta que o momento em que o ex-presidente “se viu sabotado na articulação política, ele decidiu atuar pelo impeachment [de Dilma, da qual era vice-presidente]”.
“Ao contrário do que Temer passou a pregar, ele foi articulador e atuante a favor do impeachment. A meu ver, Dilma é quem traiu seus eleitores, assim como traiu todos os brasileiros com os seus crimes de responsabilidade. A reeleição de Dilma foi para o país o equivalente à pandemia. Foi a Covid-14”, disse.
Eduardo Cunha foi preso na Operação Lava Jato, em 2016. Depois de ficar preso em Curitiba, foi transferido para o Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro, onde permaneceu até 2020. Por conta da pandemia, teve a prisão convertida em prisão domiciliar.