O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, prorrogou por 90 dias o inquérito que investiga a intervenção política de Jair Bolsonaro na Polícia Federal, que foi denunciada pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro.
A decisão foi tomada “considerando a necessidade de prosseguimento das investigações” e pelo fato de que o STF ainda não decidiu se Jair Bolsonaro, que está na lista de investigados, poderá depor por escrito.
O inquérito foi aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), depois que Sergio Moro pediu demissão do governo de Jair Bolsonaro e denunciou a pressão que o presidente fazia para que o diretor-geral da Polícia Federal fosse trocado.
A gravação de uma reunião de Jair Bolsonaro com seus ministros foi determinada pública pelo STF e tornou-se prova de que ele ameaçou demitir Moro para trocar a chefia da PF.
“Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final!”, disse Bolsonaro.
Na gravação, Bolsonaro ainda se queixa de que a Polícia Federal não lhe passa informação sobre as investigações, o que seria ilegal caso ocorresse. “Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações”.
Quando anunciou sua demissão, Sergio Moro relatou o caso. “O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, que ele pudesse colher relatórios de inteligência, seja o diretor, seja superintendente… E, realmente, não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação”.
Jair Bolsonaro enviou ao Supremo um pedido para prestar depoimento apenas por escrito. Ainda não há data para que o julgamento aconteça.