A comunidade judaica usou as redes sociais para repudiar a fala do deputado federal Marco Feliciano (Republicanos-SP), aliado de Bolsonaro, que comparou a CPI da Covid com as câmaras de gás usadas durante a Segunda Guerra Mundial.
“As câmaras eram método de industrialização da morte, do genocídio em larga escala. Algumas na Alemanha nazi matavam até 2.000 pessoas por uso. Em que se comparam à CPI que busca investigar a negligência ao genocídio da Covid? Uma comparação desrespeitosa, sem sentido e imbecil”, reagiu o grupo Judeus pela Democracia, repudiando a fala do parlamentar, em mensagem divulgada na quinta-feira (29) no Twitter.
Na última quarta (28), o parlamentar e pastor da congregação Catedral do Avivamento, uma igreja neopentecostal ligada à Assembleia de Deus, usou as redes para comparar a CPI instalada no Senado com câmaras de gás.
“Não é uma CPI. É uma câmara de gás”, postou Feliciano no Twitter. “Não é uma CPI. É só um jogo de cartas marcadas”, continuou o deputado, comparando também a CPI da Covid-19 a um “pelotão de fuzilamento”.
Após a repercussão negativa entre a comunidade judaica pela sua comparação, Feliciano voltou ao assunto para dar explicações e bajular os judeus.
Na sua recente postagem ele fez uma média com a comunidade judaica colocando uma “homenagem à criação do Estado de Israel” – com um discurso feito em 2019 – para se ‘desqueimar’.
E escreveu: “O meu amor por Israel e pelo povo judeu está imortalizado nos anais do Parlamento brasileiro. Minha reverência ao Povo escolhido está marcada no meu coração e no Livro da Vida, escrito pelo nosso Deus, JEOVÁ!”.
Alguns internautas também repudiaram as falas do deputado. “Canalizo aqui as energias de todos os meus ancestrais executados em câmaras de gás pra mandar você pra ***, Marco. Eu e eles sabemos exatamente de que lado você estaria há 80 anos”, escreveu um perfil.
Em outro comentário uma pessoa afirma sentir “vergonha” pela comparação. “Meu Deus, isso é verdade? Estou envergonhada. Vergonha. Diminuindo o sofrimento do judeus. Ainda se diz amigo dos judeus. Vergonha”, postou.
Já o “Museu do Holocausto”, espaço criado em Curitiba para contar histórias de sobreviventes judeus no genocídio promovido pelos nazistas na segunda guerra, usou as redes sociais para criticar Feliciano pela comparação “ofensiva e inadmissível”.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas utilizaram câmaras de gás instaladas nos campos de concentração como um dos meios de exterminar suas vítimas. Estima-se que milhões de pessoas foram mortas entre 1941 e 1945 nas câmaras, entre elas comunistas, judeus, ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová, deficientes físicos e mentais e outros opositores políticos.