Dezessete estados e o Distrito Federal alteraram o esquema de vacinação de gestantes após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendar, na noite de segunda-feira (10), a suspensão imediata do uso do imunizante da multinacional AstraZeneca nesse grupo de pessoas.
A orientação da Anvisa é que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) siga a indicação da bula da vacina da AstraZeneca, que não indica uso neste grupo. A orientação do uso do imunizante em gestantes foi dada pelo Ministério da Saúde.
“Esta recomendação é resultado do monitoramento de eventos adversos feito de forma constante sobre as vacinas contra Covid em uso no país”, diz a nota da Anvisa.
“O uso off label de vacinas, ou seja, em situações não previstas na bula, só deve ser feito mediante avaliação individual por um profissional de saúde que considere os riscos e benefícios da vacina para a paciente. A bula atual da vacina contra Covid da AstraZeneca não recomenda o uso da vacina sem orientação médica”, explicou a Anvisa.
Segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, o Ministério da Saúde investiga a morte de uma mulher grávida no Rio de Janeiro após uso do imunizante que, no Brasil, é envasado pela Fiocruz. “O Ministério da Saúde informa que foi notificado pelas secretarias de Saúde Municipal e Estadual do Rio de Janeiro e investiga o caso. Cabe ressaltar que a ocorrência de eventos adversos é extremamente rara e inferior ao risco apresentado pela Covid-19. Neste momento, a pasta recomenda a manutenção da vacinação de gestantes, mas reavalia a imunização no grupo de gestantes sem comorbidades“, disse o Ministério em nota.
Após a determinação da Anvisa, ao menos dezessete estados suspenderam a vacinação de gestantes com o imunizante da AstraZeneca, produzido pela Fiocruz no Brasil: Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo.
Em Alagoas, Amazonas, Ceará e Rondônia não houve alteração no cronograma, pois todas as grávidas são vacinadas com o imunizante da Pfizer.
A Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão informou que, até o momento, o Ministério da Saúde não fez nenhuma orientação formal sobre a suspensão da vacinação de mulheres grávidas com AstraZeneca.
“Após a comunicação formal, a Secretaria de Estado da Saúde enviará uma nota técnica explicando as razões para a suspensão da vacinação das grávidas com este imunobiológico, em específico”, disse o órgão.
Na capital São Luís, as grávidas com comorbidades estão sendo vacinadas com a vacina da Pfizer, respeitando a recomendação da Anvisa.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) de São Luís, a vacinação só vai seguir quando chegar uma nova remessa da vacina Pfizer, que está prevista ainda para esta semana.
O Espírito Santo também suspendeu a vacinação deste grupo até nova orientação do Ministério da Saúde. O secretário estadual de saúde, Nésio Fernandes, orientou que as grávidas que receberam doses do imunizante observem possíveis efeitos e procurem os serviços de saúde em caso de quaisquer sintomas.
No Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde disse que, até que a investigação do caso de evento adverso seja finalizada pelo Ministério da Saúde, suspendeu, por precaução, a vacinação de gestantes e puérperas na capital fluminense.
A imunização de mulheres grávidas com comorbidades estava prevista para começar nesta terça-feira na cidade de São Paulo.
O secretário municipal de Saúde da capital paulista, Edson Aparecido, afirmou que a suspensão da vacinação de grávidas com comorbidades está totalmente interrompida até que o Ministério da Saúde se posicione por meio do PNI, já que somente o imunizante da AstraZeneca estava previsto para ser aplicado nesse grupo.
“O município só recebeu AstraZeneca (para vacinar gestantes com comorbidades). Só temos CoronaVac para a segunda dose nesta semana, e só receberemos novas doses da Pfizer na semana que vem. Por enquanto, está suspensa então a vacinação (desse grupo)” afirmou Edson Aparecido.
À GloboNews, o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, declarou que a suspensão vai ser mantida até nova orientação da Anvisa.
“Nós temos ainda um quantitativo para a vacina do Butantan que não conseguiria pleitear todas as mulheres grávidas do nosso estado, assim como a dificuldade da vacina da Pfizer frente a baixa temperaturas, uma questão absolutamente de logística e estocagem, nós temos que encerrar temporariamente”, disse Gorinchteyn.