Bajulador disse que as aglomerações do capitão cloroquina eram só para “mexer com o psicossocial da população”
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) inquiriu, por via remota, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, nesta terça-feira (19), sobre o índice de letalidade do Brasil em consequência da Covid-19. “Temos 2,7% da população mundial e 13% dos óbitos pela Covid-19. A que o sr. atribui essa diferença?”, questionou o senador. A resposta do ex-ministro deixou evidente o seu alinhamento canino ao seu ex-chefe, Jair Bolsonaro, a quem ele disse que obedece sem questionar.
O ex-ministro não responsabilizou a falta de alinhamento do governo federal com os Estados e o país, nem a inação do governo frente à pandemia, muito menos a ideia fixa de Bolsonaro no charlatanismo da cloroquina e outras drogas ineficazes contra a Covid-19 – as verdadeiras causas dos problemas. Segundo Pazuello, o problema foi a falta de alinhamento dos profissionais de saúde entre si sobre o melhor tratamento para a doença.
Ele culpou também supostas deficiências dos serviços hospitalares públicos do Brasil pelo alto índice de mortalidade por Covid-19 no Brasil.
A sua gestão frente ao ministério e a sua espetacular “expertise” em logística – que ficou evidente na crise de oxigênio em Manaus – não tiveram nada a ver com a tragédia. As posições estapafúrdias de Bolsonaro a favor do vírus, segundo Pazuello, também não tiveram nada a ver com as quase 450 mil mortes pela Covid-19.
Ou seja, o negacionismo criminoso de Bolsonaro e sua sabotagem às máscaras, a todas as demais medidas sanitárias e à aquisição de vacinas não tiveram nenhuma consequência para o país. As centenas de milhares de mortes ocorridas no Brasil são de responsabilidade da “falta de alinhamento dos médicos”. O que Pazuello insinuou, na verdade, é que os médicos causaram as mortes porque não aceitaram a sua charlatanice e a de Bolsonaro.
O presidente, segundo Pazuello, ao fazer arruaças, chamar de idiotas quem defende o isolamento social, taxar de marica quem usa máscara e desdenhar as vacinas, estaria apenas preocupado com o ‘psicossocial da população’. Por isso, e só por isso, ele vem saindo pelo país à fora fazendo aglomerações, espalhando o vírus, atacando as vacinas e desdenhando as autoridades sanitárias.
Pazuello admitiu que durante a crise que atingiu Manaus, exatamente no mesmo instante em que centenas de pessoas morriam por falta de oxigênio, o Ministério, sob sua coordenação, enviava para Manaus uma equipe com o objetivo de garantir o abastecimento de cloroquina para as unidades de saúde da região.
Ele confirmou que a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério, Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina” – que também terá que se explicar na CPI -, enviou ofício ao município de Manaus determinando o uso de cloroquina para o tratamento de Covid-19.
Eduardo Pazuello justificou a atitude da secretária com o argumento esdrúxulo de que o Ministério da Saúde devia garantir o abastecimento geral, ou seja, de todas as demandas dos Estados e municípios. A preocupação dele era com o abastecimento de cloroquina. Ele só não teve a mesma preocupação com o abastecimento de oxigênio cuja falta matou centenas de pessoas.