O Brasil chegou à marca de 450 mil mortos por Covid-19 nesta segunda-feira (24), segundo dados do consórcio de veículos de imprensa. A marca acontece após 15 meses da pandemia que os brasileiros veem o risco de se agravar ainda mais.
Segundo os dados divulgados nesta segunda-feira, foram registradas nas últimas 24 horas 841 novos óbitos, mantendo um patamar elevado de vidas perdidas. No total, o País já acumula 450.026 perdas desde o início da crise sanitária.
A média semanal de vítimas, que elimina distorções entre dias úteis e fim de semana, ficou em 1.881 nesta segunda.
Por sua vez, o aumento de novos casos, percebido desde a última semana, tem causado apreensão. Na segunda-feira passada, o índice de diagnósticos foi de 35.888 em 24 horas. Agora, está em 37.563. A média de novos casos diários chegou a 65.719, 8% a mais do que há 14 dias. Já os casos acumulados ultrapassam 16,1 milhões.
A maioria das mortes por coronavírus no Brasil foi registrada neste ano. No ano passado, o País demorou quase cinco meses para chegar aos primeiros 100 mil mortos e outros cinco meses para chegar aos 200 mil, marca que foi atingida já em 21 de janeiro. Depois, foram dois meses e meio para alcançar as 300 mil vítimas. A marca de 450 mil óbitos veio apenas 61 dias depois.
Em números absolutos, os Estados que registram mais mortes acumuladas por covid-19 são: São Paulo (107.677), Rio de Janeiro (49.539), Minas Gerais (39.128), Rio Grande do Sul (27.468) e Paraná (25.418).
A marca, incomparável a qualquer outra tragédia no Brasil, é registrada no momento em que o país vivencia a CPI da Covid, no Senado Federal, que apura as responsabilidades do governo federal na condução da pandemia.
Além disso, estamos diante de uma nova cepa do coronavírus que causa apreensão em todo o mundo. Detectada na Índia, variante B.1.617 possui um alto nível de transmissão, o que pode agravar ainda mais a terceira onda da pandemia no Brasil, caso ela se alastre.
“O povo brasileiro não pode continuar morrendo pela irresponsabilidade do presidente da República”
Para o epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas, Pedro Hallal, o país já está entrando numa terceira onda da pandemia, que pode ser muito devastadora devido ao comportamento de Jair Bolsonaro de contrariar o que a ciência recomenda.
“O Brasil não implementou diversas medidas que a ciência recomenda, como a testagem em larga escala, o rastreamento de contatos. Também não implementou o fechamento de fronteiras, o rastreamento de quem vem de países em que outras variantes estão circulantes”, disse Hallal, em entrevista ao portal UOL.
Segundo Hallal, os erros “estão nos levando para uma terceira onda da pandemia que está vindo antes do que eu esperava. Nós esperávamos um intervalo um pouco maior entre a segunda e a terceira onda. Mas o Brasil insiste tanto nos erros que infelizmente a terceira onda está chegando e ela será bastante devastadora, assim como foi a segunda”.
O cientista destaca que as ações de Bolsonaro são a principal prova de que o governo faz o contrário do que a ciência determina. Ele disse que foi convidado a testemunhar na CPI da Covid, mas se questiona sobre o que terá de falar. “O que a gente precisa dizer na CPI se as provas estão todas abertas? A manifestação de ontem no Rio é prova suficiente. Não precisa nem de pesquisador para falar alguma coisa. A falta de respeito com a população brasileira no meio da CPI, o presidente e o ex-ministro da Saúde vão a um evento sem máscara para discursar contra as medidas que a ciência recomenda”, criticou.
“O povo brasileiro não pode continuar morrendo pela irresponsabilidade do presidente da República”, ressaltou Hallal.