“O presidente da República não só teria praticado o crime de prevaricação como, também, ele participou em todos os momentos da aquisição dessa vacina, da Covaxin”, denunciou o parlamentar
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, afirmou nesta segunda-feira (28), em entrevista ao site UOL, que Bolsonaro cometeu mais do que crime de prevaricação. “O presidente da República não só teria praticado o crime de prevaricação como, também, ele participou em todos os momentos da aquisição dessa vacina, da Covaxin”, disse o parlamentar.
Renan lembrou que “ele telefonou ao Primeiro Ministro da Índia, ele mandou mensagens, ele colocou o Itamaraty, durante todo esse período da negociação, fez uma espécie de advocacia administrativa para além das suas atribuições como órgão diplomático, de representação do nosso país”. “Quer dizer, o presidente da República tem mais responsabilidade com isso do que a mera prevaricação”, destacou o relator da CPI.
Para Renan, já há provas para o indiciamento, mas a comissão acha que vai obter mais ainda. “Nós estamos investigando profundamente a partir de um plano de trabalho conhecido, já ultrapassamos várias fases e, como nenhuma outra comissão parlamentar de inquérito, nós ultrapassamos essas fases recolhendo provas indiscutíveis sobejas, testemunhos, informações, nós adentramos agora à fase da verificação se houve corrupção, estamos com vários sigilos quebrados, temos já muitas informações”, prosseguiu o senador.
Assista um trecho da entrevista
“Tivemos esses depoimentos importantíssimos dos irmãos Miranda, com muitas revelações e até com promessas de outras revelações e estamos sendo procurados por várias pessoas, de diversas fases, que querem depor, que querem colaborar com a apuração, com a investigação, que querem informar ao Brasil e à CPI”, afirmou o emedebista. “Então nós vamos para essa nova fase com a expectativa muito grande também em relação a ela e também com muitos elementos, muitos materiais”, acrescentou.
“Eu acho que CPI já tem elementos para indiciar Bolsonaro e terá mais, porque é essa a expectativa que nós temos”, disse Renan. “Nós vamos ter depoimentos importantes essa semana, como a de Carlos Wizard e do Maximiano, que é dono da Precisa”, lembrou o parlamentar. Para Renan, “são depoimentos importantes e fundamentais”.
“Temos o Carlos Wizard, convocado há dois meses e não compareceu, desdenhou da CPI, logo ele que é um bilionário que tentava fazer esse turismo da impunidade”, assinalou o senador. “Ele vai ter que depor e nós fizemos uma recomendação ao ministro Luiz Roberto Barroso para que ele fique aqui no Brasil pelo menos enquanto durar os trabalhos da CPI”, informou Renan.
Ele lembrou que “Maximiano é dono da Precisa, da Global e de outras 13 empresas feitas para fazer negócios no Brasil, especialmente no enfrentamento à pandemia”.
“Flávio Bolsonaro fez uma intervenção atabalhoada na CPI onde confirmou que teria ido ao presidente do BNDES acompanhado do dono da Global e da Precisa para obter financiamentos, benefícios. Ora, ao fazer isso, ele toscamente confessou um crime de advocacia administrativa buscando benefícios empresariais que não é da competência de um senador”, denunciou o relator.