Sabotagem às vacinas e escândalos de corrupção levam 54% da população a defender a abertura do processo contra Bolsonaro. 42% se mostram contrários
O Instituto Datafolha divulgou, neste sábado (10), uma pesquisa que revela que a maioria da população brasileira já defende o impeachment de Jair Bolsonaro. São 54% a favor de que a Câmara dos Deputados abra o processo contra Bolsonaro, ante 42% que se mostram contrários à iniciativa.
Na pesquisa anterior, realizada em 11 e 12 de maio, já havia uma pequena maioria a favor do impedimento de Jair Bolsonaro, mas ainda havia um empate técnico entre as duas opções, com 49% a favor e 46% contra. Agora, com o agravamento da crise sanitária que matou mais de 500 mil pessoas e os escândalos de corrupção na compra de vacinas pelo governo Bolsonaro, a diferença aumenta e já há uma maioria mais sólida a favor de apeá-lo do poder.
São defensores mais determinados do impeachment de Bolsonaro as mulheres, com 59% dos entrevistados, os jovens, com 61%, os mais pobres (60%) e os moradores do Nordeste, que são 64%. Foram ouvidos de forma presencial 2.074 maiores de 16 anos, em todo o país, nos dias 7 e 8 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
O desgaste do governo Bolsonaro já vinha crescendo com as investigações realizadas pela CPI da Pandemia que identificou uma sabotagem aberta de Bolsonaro à aquisição de vacinas. Documentos mostraram que a Pfizer ofereceu vacinas ao governo brasileiro já em agosto de 2020 e o governo se recusou a comprar.
Depois foram analisados os comportamentos de Bolsonaro em relação à vacina do Butantan. Ele afirmou publicamente que não iria comprar a CoronaVac porque ela era chinesa e por ser produzida pelo governo de São Paulo, cujo governador é um desafeto do presidente. Houve até o episodio em que Bolsonaro desautorizou seu próprio ministro da Saúde, que havia anunciado a intenção de compra de 46 milhões de doses da vacina.
Tudo isso, e mais a campanha contra o uso de máscara e os incentivos às aglomerações, colocaram o governo como principal responsável pela maior tragédia sanitária da história brasileira. Mas o que acabou derrubando mais acentuadamente a imagem de Bolsonaro foram os escândalos de corrupção na compra de vacinas, descobertos pela CPI.
O servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, detectou uma nota fiscal de importação ilegal da vacina Covaxin, da Índia. A nota, diferente do contrato, determinava o pagamento adiantado. Além disso, também fora do contrato, havia a determinação de pagamento a uma terceira empresa com sede num paraíso fiscal. Se não fosse impedido, o golpe traria um prejuízo de US$ 45 milhões aos cofres públicos. O servidor havia denunciado ao próprio presidente da República que, apesar de apontar seu líder na Câmara, como responsável pelo esquema, não tomou nenhuma providência.
O golpe já estava todo engatilhado. Já havia até mesmo o empenho assinado, no valor de R$ 1,6 bilhão para o pagamento do contrato de compra de 20 milhões de doses da Covaxin. O desvio só não se concretizou porque as denúncias de Luis Ricardo vieram a público depois dele prestar depoimento ao Ministério Público Federal e à CPI. Ficou caracterizado o crime de prevaricação – quando algum agente público é informado de irregularidades e não toma nenhuma providência – por parte do presidente da República.
meu comentário é FORA seu cagão não dá mais pra vc