A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiou “veementemente” a ameaça do advogado da família de Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, à jornalista do UOL, Juliana Dal Piva.
Juliana tem feito a cobertura para o UOL, do esquema das rachadinhas envolvendo os filhos de Jair Bolsonaro e revelou na última semana, por meio de áudios, a participação direta do presidente na apropriação de salário de servidores na Câmara dos Deputados.
Como retaliação, Wassef enviou uma mensagem via WhatsApp para a jornalista recomendando que ela mudasse para a China onde, nas palavras dele, “você desapareceria e não iriam nem encontrar o seu corpo”. Juliana divulgou a ameaça nas redes sociais, publicando o print com o conteúdo da mensagem recebida.
Vale lembrar que Wassef defendeu o senador Flavio Bolsonaro no processo da rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. No ano passado, porém, teve de abandonar o caso após a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador e pivô do esquema, em uma casa de Wassef, em Atibaia, no interior de São Paulo.
“Não aceitaremos que o presidente e seus apoiadores sigam ameaçando jornalistas e colocando suas vidas em risco. Exigimos dos órgãos responsáveis imediata apuração da ameaça e proteção à jornalista”, disse a Fenaj em nota também assinada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e pela Comissão Nacional de Mulheres da FENAJ .
“Cobramos também da Comissão de Ética da OAB instauração de procedimento disciplinar contra o referido advogado. Basta de ameaças às jornalistas, à imprensa, ao livre exercício do jornalismo e à liberdade de expressão, pilares de qualquer Estado Democrático”, afirma a nota.
O presidente da OAB se manifestou em suas redes sociais. “Minha solidariedade à jornalista Juliana Dal Piva. Vou determinar que a corregedoria da OAB apure o fato ocorrido e tome as medidas necessárias”, escreveu Felipe Santa Cruz.
“Ao tomar conhecimento das ameaças feitas pelo advogado Frederick Wassef, hospedeiro do famigerado Fabrício Queiroz, entre outras proezas, expresso a solidariedade da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), colocando-nos à disposição para a adoção de medidas que se fizerem necessárias à sua proteção”, garantiu o presidente da entidade Paulo Jeronimo.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também se manifestou. “Defendemos a liberdade de imprensa como direito garantido pela Constituição e pilar do Estado Democrático de Direito”, destacou o comunicado.
“Todo o apoio a Dal Piva, ao UOL e a todos os veículos e profissionais de imprensa que vêm sendo atacados sistematicamente desde que o governo Bolsonaro assumiu o poder, em janeiro de 2019. Exigimos que sejam tomadas as medidas legais cabíveis contra Wassef e todos os que vilipendiam o trabalho essencial da imprensa de levar à sociedade assuntos de interesse público. Esperamos que as instituições que defendem a democracia façam seu papel e resistam à destruição do espaço cívico promovida pelos autoritários de plantão e seus militantes”, afirmou a Abraji