A comissão ouve o representante oficial da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, na condição de testemunha. O empresário é questionado sobre o caso de pedido de propina envolvendo a compra de vacinas AstraZeneca contra a Covid-19
Durante as perguntas do relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), o representante oficial da Davati, Cristiano Carvalho, revelou, nesta quinta-feira (15), em depoimento à CPI da Covid-19 no Senado, que foi procurado pelo então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, em 4 de fevereiro — o contato de Carvalho foi passado a Dias por Luiz Paulo Dominghetti.
Segundo Carvalho, as tratativas para compra dos imunizantes foram encerradas em 15 de março, com a demissão do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, do comando da pasta.
As revelações do pedido de propina partiram do revendedor de vacinas e PM, Luiz Dominghetti. Segundo o depoimento dele à CPI, em 6 de julho, ele recebeu o pedido de Roberto Dias em um restaurante em Brasília, em 25 de fevereiro.
Dias, em depoimento à CPI, em 7 de julho, negou qualquer pedido de favorecimento na compra das vacinas.
“O valor US$ 1 nunca foi mencionado a mim. Até porque é um valor tão absurdo que ele não iria falar. Roberto Dias entrou em contato comigo no dia 4 de fevereiro pela primeira vez”, disse Carvalho à CPI.
Carvalho então passa a ler as mensagens enviadas por Dias a ele.
“Eu, através do meu advogado, fiz uma perícia no meu celular e isso já foi entregue à CPI com todo esse conteúdo. A minha intenção é deixar tudo bem claro e vocês vão verificar que nunca entrei em contato com o Ministério da Saúde, eles que me procuraram através de Roberto Dias.”
À CPI, o empresário deu explicações sobre o caso de propina envolvendo a compra de vacinas AstraZeneca contra a Covid-19.
A comissão, instalada em 27 de abril, cujos trabalhos foram prorrogados por mais 90 dias, na quarta-feira (14), pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), investiga as ações, omissões e inações do governo federal, sob a condução do presidente Jair Bolsonaro, em relação à gestão da pandemia do novo coronavírus.
É relevante destacar que a Covid-19, nesta data, já levou a vida de 538.556 mil brasileiras e brasileiros.
“COMISSIONAMENTO”
Segundo Carvalho, a palavra “propina” nunca foi mencionada, mas sim “comissionamento”. Carvalho revelou ainda que sabia do encontro no restaurante em 25 de fevereiro.
“Eu sabia que ele ia se encontrar com os integrantes do Ministério. Ele sempre falou muito do nome do Dias. Depois do jantar eu recebi um telefonema do Rafael Alves falando que tinha concluído o jantar e tinha sido muito bom”, revelou.
“A informação que veio a mim não foi propina e sim comissionamento. Ele disse que esse comissionamento seria do coronel Blanco e do Odilon. Ele [Dominghetti] falou ‘grupo do Blanco [coronel Blanco]’”, disse.
M. V.