O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), voltou a dizer que “todo aquele que pretenda algum tipo de retrocesso à democracia, frustrando eleições, defendendo intervenção militar ou rememorando Atos Institucionais, vai ser considerado pela história como inimigo da Nação”.
Pacheco acredita que a democracia no Brasil foi conquistada “a duras penas” e “é nosso papel defendê-la. Eu serei intransigente”.
“Obviamente, tudo é inaceitável, desde a bravata retórica que seja um proselitismo para aderência de base eleitoral, seja algum pensamento concreto que culmine numa preparação nesse sentido [de atentar contra democracia]. Tudo isso deve ser rechaçado, repudiado e eternamente vigiado”, acrescentou.
É a segunda vez que Rodrigo Pacheco dá uma declaração com fortes críticas ao golpismo depois que Jair Bolsonaro ameaçou a democracia dizendo que as eleições de 2022 podem não ocorrer caso o voto impresso não tenha sido aprovado.
Segundo Pacheco, sua resposta foi mais ampla do que apenas para Bolsonaro. “É uma mensagem muito clara a todos”.
O presidente do Senado afirmou que a declaração de Jair Bolsonaro ameaçando a democracia foi “infeliz, sujeita a um esclarecimento e a uma retificação”.
“E gostaria muito de acreditar que, quando se diz algo assim, é no sentido conotativo de que, sem eleições limpas, isso afetaria a legitimidade das eleições de um modo geral”.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Rodrigo Pacheco disse que reconhece os erros do governo Bolsonaro durante a pandemia e que os acertos começaram com a entrada de Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde, “que tem buscado acertar em respeito à ciência e à medicina”.
Pacheco avalia que o avanço da vacinação no país não representa uma conquista “porque há um passado que ficará, de pessoas que morreram, de pessoas que sofreram, de uma demonstração de que nós podíamos ter acertado ao invés de errado em relação a alguns pontos”.
O número de mortos pela Covid-19 no Brasil deverá passar a marca de 540 mil entre a sexta-feira (16) e o sábado (17).
Sobre a denúncia de corrupção na contratação da vacina indiana Covaxin, Pacheco disse que “seria bom” se Jair Bolsonaro prestasse esclarecimento “ou toda figura pública sobre a qual houvesse algum tipo de dúvida”.
A resposta do governo tem sido, até agora, de negar as evidências e dizer que as provas apresentadas foram fraudadas. Mesmo assim, Jair Bolsonaro confirmou que se reuniu com os irmãos Miranda, que lhe apresentaram as provas de que havia um crime acontecendo na contratação, e disse que “não posso tomar providência de tudo que chega a mim”.
Se foi alertado do esquema e não denunciou para a Polícia Federal, Jair Bolsonaro cometeu, pelo menos, o crime de prevaricação.
Pacheco disse que “a CPI está em curso, há sempre o tempo das coisas e eventualmente pode o presidente se manifestar a respeito desse ponto e de outros tantos que ali sejam merecedores de esclarecimento”.