“Estamos atuando dentro do princípio da fraternidade universal”, afirmou o presidente mexicano, López Obrador, ao anunciar a entrega de 19,4 toneladas de alimentos, água engarrafada e mantimentos aos atingidos pelo flagelo de terremotos e ciclone no Haiti.
A ajuda humanitária mexicana foi enviada por navio da Marinha e dois aviões da Força Aérea do país.
O Haiti ainda não se recuperou do terremoto de magnitude 7,2 de sábado (14) e da passagem do ciclone tropical Grace na segunda-feira (17), um terremoto de magnitude 4,9 atingiu a ilha na noite desta quarta-feira (18), assinalou o instituto dos Estados Unidos que monitora os tremores em todo mundo, UGSG. Os edifícios tremeram na cidade de Les Cayes, no sul do país.
O governo haitiano informou que o número de mortos, com o novo fenômeno, subiu para 2.189. Doze mil pessoas se feriram e 32 são consideradas desaparecidas, e as mais de 30 mil pessoas que ficaram desalojadas têm sobrevivido vagando pelas ruas, em busca de comida e refúgio, dormindo sobre plástico em abrigos improvisados
A situação dos hospitais está no limite e as estradas por onde são transportados suprimentos vitais para as vítimas ficaram bloqueadas. Nas cidades de Les Cayes e Jeremie, as maiores afetadas, os feridos são tratados em colchões e macas pelas ruas do país.
O panorama das outras atividades em nível nacional não é mais reconfortante. Escolas, lojas e instalações de serviços públicos desabaram ou foram seriamente danificados. Segundo a UNICEF, a agência da ONU para a infância, em levantamento até a quarta-feira (18) o terremoto, seguido pela Tropical Storm Grace, destruiu 94 das 255 escolas da região administrativa do sul do país, semanas antes do início dos períodos escolares.
O diretor de Proteção Civil, Jerry Chandler, assinalou que o país está recebendo apoio de vários países da região. Cuba, a primeira que se destacou pela solidariedade que presta ao Haiti, está com mais de 250 médicos que viajaram para tratar dos feridos e adaptar um hospital em Porto Príncipe que até agora era usado para pacientes da Covid-19.
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“Nos últimos dias, Venezuela, Colômbia, México e a República Dominicana, já contribuíram com seu apoio para ajudar nesta catástrofe que acabamos de vivenciar”, acrescentou Chandler.
A Comissão Europeia, em comunicado publicado no seu portal, na quinta-feira (19), informou que “vários Estados-Membros da UE se juntam às operações de socorro, prestando mais apoio sob a forma de um equipo de assistência e apoio técnico e tendas para refugiados da Suécia; um módulo de purificação de água da França; além de uma estação de tratamento de água, equipamentos médicos e medicamentos, 720 lonas e 500 kits de cozinha da família da Espanha ”.
Nos últimos meses, o Haiti enfrenta também uma crescente crise humanitária, com escassez de alimentos e aumento nas taxas de violência.
O PIB per capita do país é de US$ 1,6 mil por ano (cerca de R$ 8,5 mil), e cerca de 60% da população vive com menos de US$ 2 por dia (pouco mais de R$ 10).
A razão principal para o prolongado sofrimento do povo haitiano, não consiste principalmente nos desastres naturais ainda que muito graves. A precariedade haitiana persiste mesmo depois da queda da dinastia tirânica Papa Doc e Baby Doc de 31 anos. O presidente Jean-Bertrand Aristide que buscava recompor a economia haitiana começando por um reajuste salarial para os trabalhadores (que compõem a mão-de-obra superexplorada por corporações norte-americanos) foi deposto por um golpe com apoio norte-americano, cinicamente denominado “Operation Uphold Democracy”, em 2004 e desde então tem a grande maioria da população sob vicissitudes.