“A imensa maioria dos militares e das forças policiais não embarcam, neste momento, em aventuras”, afirma o governador do Maranhão
Flávio Dino (PSB), governador do Maranhão, disse que os governadores devem conter os bandos bolsonaristas que agem nas Polícias Militares para evitar que as tropas embarquem nas “aventuras golpistas que são propaladas” por Jair Bolsonaro.
Na avaliação de Dino, “a imensa maioria dos militares e das forças policiais não embarcam, neste momento, em aventuras”.
“O que precisa é essa maioria se fazer ouvir. Quando você fica acanhado, amesquinhado, intimidado, acovardado, a minoria acha que é maioria. Eles só têm ruído, não têm nada”.
Dino participou do podcast A Malu tá ON, da jornalista Malu Gaspar, que foi ao ar na sexta-feira (27).
Flávio Dino participou da articulação de governadores que rechaçou os ataques de Jair Bolsonaro à democracia. “A maioria dos líderes deseja a normalidade democrática”, avalia.
No programa, Dino conversou sobre a convocação feita por alguns policiais militares para as manifestações bolsonaristas do dia 7 de setembro, para quando foi prometido, por alguns deles, um golpe.
“Se um servidor público armado se insurge contra a autoridade legítima, isso não é liberdade de expressão – em nenhum país do mundo. Isso é motim, e tem que ser punido”
O governador disse que existem, sim, policiais que votaram e votarão em Bolsonaro, mas isso “é diferente de contingentes que se disporão a invadir o Palácio de um governo estadual ou o Congresso Nacional”.
“Essa faixa que se dispõe a milicianizar a polícia, de romper com a disciplina, é bem menor. Faz barulho, mas é bem menor”.
“A imensa maioria dos governadores terá a determinação de fazer cumprir aquilo que está na Constituição de que quem comanda as polícias são os governadores e você tem regulamentos disciplinares a cumprir”, continuou.
“Uma coisa é liberdade de expressão, outra é motim. Se um servidor público armado se insurge contra a autoridade legítima, isso não é liberdade de expressão – em nenhum país do mundo. Isso é motim, e tem que ser punido”.
Flávio Dino avalia que Bolsonaro não tem condições de invadir o Congresso ou o Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 7 de setembro, “mas que o plano é esse, não tenho a menor dúvida. Basta observar essa escalada que ele vem desenvolvendo desde que chegou ao governo”.
“O plano é este. Se ele vai executar no dia 7 de setembro de 2021, acho que não. Mas executará tão logo achar que pode, se não houver uma resistência forte, firme e corajosa para que ele se desanime da ideia”.
“Eu me preocupo, agora, com uma espécie de ensaio. E o mal você corta pela raiz. Por isso tem que ter uma atitude firme para desestimular, no futuro, essas aventuras golpistas que são propaladas pelo presidente da República. Atitude ponderada, equilibrada, mas ter firmeza”.
O governador concorda que militares da ativa não podem dar declarações políticas ou participar de manifestações “porque são pessoas armadas. Se a pessoa quiser ter a plenitude dos direitos, deixe a farda e a arma em casa, adote outra posição profissional”.
“O mal você corta pela raiz. Por isso tem que ter uma atitude firme para desestimular, no futuro, essas aventuras golpistas que são propaladas pelo presidente da República. Atitude ponderada, equilibrada, mas ter firmeza”
Para Dino, é preciso romper com o silêncio de uma parte da classe política, porque ele se torna omissão diante dos crimes de Jair Bolsonaro. “Infelizmente há tal omissão. Tanto é que o Bolsonaro já praticou dezenas de crimes de responsabilidade e até hoje não sofreu impeachment”.
“Há, infelizmente, uma atitude ou passiva ou conivente de segmentos da política que estão, de algum modo, se beneficiando deste sistema inusitado de governança que se estabeleceu no Brasil”.
“Há uma crítica às notas de repúdio; pior sem elas. Há uma crítica às cartas; pior sem elas, porque parece um silêncio, que seria uma forma até de concordância com aquilo que o Bolsonaro prega”.
Ainda no podcast, Flávio Dino comentou que Jair Bolsonaro está mentindo sobre o aumento no preço da gasolina ao tentar culpar os governadores.
“Bolsonaro sempre quer transferir responsabilidades que são suas para outros. A questão principal é a política federal de preços que é absolutamente equivocada e repassa automaticamente as variações do câmbio e também do preço internacional para o mercado interno. Isso é absolutamente insustentável”, disse.
“Coloca, na prática, os consumidores do Brasil para subsidiar os acionistas da Petrobrás e outras petroleiras”.