O Ministério da Saúde terá R$ 7,1 bilhões para ações ligadas à pandemia em 2022, sendo R$ 3,9 bilhões deste orçamento de 2022 para a compra de vacinas contra a Covid-19. Essa quantia é 86% menor que o valor autorizado para a compra de vacinas em 2021, de R$ 27,79 bilhões.
O governo que resolveu ignorar a pandemia de coronavírus que já matou mais de 580 mil brasileiros finge não ver o fato de que a crise sanitária permanecerá em 2022. Especialistas de diversos órgãos de saúde prevêem que a vacinação contra a Covid-19 deverá ser continuada nos próximos anos.
Mas, para o governo Bolsonaro “não há estudos conclusivos sobre a necessidade de aplicação de uma dose de reforço para toda população”, portanto, não haverá recursos para a compra dos imunizantes.
Segundo o secretário de Orçamento Federal do Ministério da Economia, Ariosto Culau, o valor previsto para compra de imunizantes contra a Covid-19 em 2022 é resultado de uma proposta do Ministério da Saúde.
“O ministro da Saúde [Marcelo Queiroga] tem falado na aplicação de doses de reforços em alguns públicos selecionados. Alguns países têm adotado estratégias diferenciadas. Só Israel tem uma estratégia de dose de reforço ampla. Há incertezas sobre a terceira dose”, declarou Culau ao defender o arrocho orçamentário.
O secretário disse ainda que o governo já tem todos recursos necessários para a aplicação de duas doses em toda população em 2021 e que estão “sobrando vacinas” para a dose de reforço. “Parte das doses previstas para esse ano podem ser antecipadas para dose de reforço”, disse Culau.
Ele observou também que não se sabe quais vacinas poderiam ser compradas, pois os preços variam de US$ 4 a US$ 15 por dose, dependendo do fabricante.
De acordo com o Ministério da Economia, os R$ 3,9 bilhões para compra de vacinas em 2022 estão dentro de um aumento total de R$ 10,7 bilhões para a área de saúde no próximo ano. Além da vacinação, estão previstos recursos para assistência de média e alta complexidade e tratamento das sequelas da Covid.
Em 2020, o governo destinou R$ 42,7 bilhões para os gastos extraordinários da Saúde com a pandemia da Covid-19, valor que recuou para R$ 25,94 bilhões neste ano (dos quais somente R$ 14,2 bilhões foram pagos até a última terça-feira (31).