“Quero saber se porventura tomou, ou não tomou o nosso ministro”, disse Bolsonaro, sobre a droga, em live na quinta-feira
Jair Bolsonaro quer que o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, confesse se tomou cloroquina nos Estados Unidos, durante sua quarentena, após se infectar com Covid-19. Em sua live desta quinta-feira (30), ele encostou o ministro na parede. “Quero saber se porventura tomou, ou não tomou o nosso ministro”, disse Bolsonaro no vídeo, referindo-se ao possível uso do kit Covid por parte de Queiroga.
Até agora não há confirmação que Queiroga tenha rasgado de vez seu diploma e mergulhado de cabeça no charlatanismo bolsonarista, mas Bolsonaro quer que ele se submeta às suas ordens e admita publicamente que usou a droga.
“Tem um pessoal garganta aí que fala: ‘não tem comprovação científica’, eu já vi muita gente. Quando o bicho recebe um positivo, ele treme, fala fino, toma qualquer negócio”, afirmou Bolsonaro, às gargalhadas, ironizando a vacinação e os cuidados de prevenção da doença e fazendo apologia das medicações sabidamente ineficazes contra a Covid-19.
Queiroga já vinha se transformando no “Pazuello de jaleco”, ao suspender, a mando exclusivamente de Bolsonaro, a vacinação de adolescentes. Antes ele já havia tentado desobrigar o uso de máscara, também por ordem do capitão cloroquina. A comparação de Queiroga, com Pazuello, neste caso, está relacionada à famosa frase dita pelo general após ser desautorizado publicamente por Bolsonaro: “Ele [Bolsonaro] manda e eu obedeço. Simples assim”, admitiu Pazuello.
O atual ministro da Saúde de Bolsonaro esta seguindo os passos de seu antecessor. Esteve com a delegação brasileira na viagem aos EUA para a Assembleia Geral da ONU e, lá, deu todos os vexames junto com o presidente. Foram barrados jutos ao entrarem em restaurante. Tiveram que comer na rua. Foram impedidos de circular por falta de comprovação de imunização e por não usarem máscaras. No caso, o próprio presidente Jair Bolsonaro fazia questão de dizer que não era vacinado e que não tomaria vacina nenhuma. O resultado é que boa parta da comitiva acabou se infectando, inclusive Queiroga.
Além dos vexames, o ministro foi obrigado a permanecer por mais 14 dias confinado em um hotel em Nova Iorque em quarentena antes de retornar ao Brasil. Em razão desse episódio, do contágio do ministro, Bolsonaro cobrou publicamente, em sua live desta quinta, que Queiroga “confesse” aos brasileiros se tomou ou não as drogas ineficazes.
Bolsonaro não está satisfeito com a subserviência que Queiroga tem demonstrado até agora e quer que seu subordinado declare apoio integral às teses negacionistas defendidas por ele, pretendendo que o ministro rasgue publicamente seu diploma e diga de vez que aderiu ao charlatanismo da cloroquina e da ivermectina.