O órgão criado pelo governo para administrar a crise energética afirmou, na sexta-feira (15), que o aumento das chuvas verificadas nos últimos dias não significa que a situação está sob controle.
A nota emitida pela Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (Creg), alertando que a situação hídrica, “ainda requer atenção”, desmente mais uma tentativa de Bolsonaro para iludir a população, quando afirmou, na quinta-feira (14), que com o aumento das chuvas, iria determinar que o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, “volte para a bandeira normal no mês que vem”.
Segundo a nota do órgão, “apesar do aumento das chuvas”, a situação hídrica também é impactada “pelas atuais condições do solo, bastante seco, e, portanto, com maiores dificuldades de transformação das chuvas em vazões, ou seja, em volumes significativos de água que chegam nos reservatórios do País”.
Para o Creg e especialistas, o aumento das chuvas nos últimos dias, especialmente na região Sul, e as expectativas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) de que elas devem aumentar de volume, significa apenas que talvez não haja racionamento no final do ano, mas que não recuperam os níveis de armazenamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas no curto prazo.
“Em relação ao monitoramento das chuvas verificadas, foi destacado que o biênio 2020/2021 se caracteriza como mais gravoso, em termos de déficits de chuva, em comparação inclusive ao verificado em 2000/2001”, diz a nota do órgão.
A situação a que chegou a crise hídrica, onerando a conta de energia em R$ 14,20 por cada 100 kw/h consumido, impacta toda a economia do país e, em especial, é um duro golpe no bolso dos brasileiros, que convivem com o desemprego, a carestia dos alimentos e a pobreza extrema.
Daí que a fala de Bolsonaro, que não fez nada para evitar que chegássemos a esse ponto, em uma situação que já era prevista, dizendo que “meu bom Deus nos ajudou agora com chuva”, não é apenas demagógica, mas mais uma demonstração do desgoverno a que o país está submetido.