O Brasil tem expertise em guerra na selva e baseia sua defesa contra possíveis invasores em sua superioridade neste quesito
No último dia 13 de outubro, Jair Bolsonaro assinou o Decreto Nº 10.834, autorizando “o ingresso e a permanência temporária de forças militares dos Estados Unidos da América no território nacional para participar em conjunto com o Exército Brasileiro do exercício de adestramento combinado CORE 21 no período de 28 de novembro a 18 de dezembro de 2021”.
Em seu artigo 3º, o decreto determina que “as forças militares de que trata o art. 1º compreendem o contingente de duzentos e quarenta militares norte-americanos, armamentos, acessórios, munições, optrônicos, dispositivos ópticos e sensores e equipamentos de comando, controle e comunicação”. O decreto diz ainda que o exercício ocorrerá na região do Vale do Paraíba, entre o Município de Resende, Estado do Rio de Janeiro, e o Município de Lorena, em São Paulo.
Segundo fontes militares ouvidas pelo HP, é normal, em exercícios multilaterais envolvendo outros países, a autorização de presença de tropas estrangeiras para participar de exercícios específicos, como está ocorrendo neste caso. Isso é comum, segundo eles, na cooperação entre as Forças Armadas em todo o mundo. É um fato frequente e sem maiores consequências que tropas brasileiras recebam pequenos contingentes com o objetivo de promover treinamentos específicos.
O que não está adequado neste episódio, autorizado pelo decreto presidencial em análise, segundo essas fontes, é a característica específica do treinamento previsto. O que está sendo programado para ocorrer no Brasil entre 28 de novembro a 18 de dezembro é um exercício sobre guerra na selva, que é onde o país tem a sua maior expertise. A estratégia de resistência onde o Brasil mais se desenvolveu é a resistência baseada na selva.
O ex-comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, chegou a afiançar em 2019 que os soldados de selva do Brasil “são os melhores do mundo”. Segundo ele, as Forças Armadas estão preparadas para defender a soberania brasileira e o território nacional. “Nas últimas décadas, as Forças Armadas e o Exército Brasileiro ampliaram muito o efetivo na Região Amazônica. Não apenas quanto ao efetivo, mas também em relação à estrutura. Possuímos o melhor centro de instrução de guerra na selva do mundo. Nossa capacidade é reconhecida no mundo todo”, asseverou.
Então, na opinião destes especialistas, envolver os norte-americanos, que são tradicionais cobiçadores das riquezas brasileiras de uma forma geral, e das riquezas amazônicas, em particular, neste teatro de operações onde o Brasil tem todo esse expertise e eles, por sua vez, têm notórias dificuldades, é algo que não parece adequado para a preservação e a defesa adequada de nosso território e de nossa soberania, funções precípuas das Forças Armadas.