Jair Bolsonaro foi alvo de protesto nesta segunda-feira (1) em Anguillara Veneta, cidade no norte da Itália que concedeu o título de cidadão honorário para o presidente do Brasil. O título foi concedido pela prefeita de extrema-direita Alessandra Buoso.
Debaixo de uma chuva persistente e em meio à neblina, representantes de vários partidos de oposição, de sindicatos e da associação antifascista ANPI protestaram com bandeiras e cartazes contra a honraria ao presidente brasileiro.
Uma das faixas dizia: “Junto com o povo brasileiro, Fora Bolsonaro”.
Em uma cerca de Anguillara Veneta, mulheres fixaram uma faixa em italiano dizendo que o “título de cidadão honorário não deveria ser dado como um presente, mas, sim, conquistado”. Um cartaz cravava em italiano: “Misógino, racista, xenófobo, fascista”. “Não à cidadania honorária a Bolsonaro”, dizia outro. “Anguillara ama o Brasil, mas não Bolsonaro”, disparava um pequeno cartaz escrito à mão.
Um grupo de apoiadores de Bolsonaro esteve presente na entrada do local.
A homenagem foi aprovada pela Câmara Municipal na semana passada, gerando uma onda de indignação na oposição e em movimentos sociais, sindicais e antifascistas. No final de semana, a sede da Prefeitura foi pichada com a frase “Fora Bolsonaro”. Um grupo ambientalista contrário à homenagem protestou espalhando esterco no prédio.
Bolsonaro visita Anguillara nesta segunda para receber o título, após ter tido uma participação vexatória na cúpula do G20 em Roma.
“A cidadania é inoportuna porque as posições de Bolsonaro não espelham os valores de nossa Constituição”, disse o vereador de oposição Antonio Spada. Ele citou, por exemplo, as frequentes declarações homofóbicas e misóginas do presidente e suas políticas para a Amazônia.
Já o padre Massimo Ramundo, que passou 20 anos no Brasil, sendo 12 deles na Amazônia, afirmou que as políticas de Bolsonaro “vão contra tudo aquilo que o Papa Francisco professa diariamente”.
“É uma vergonha. Estou furioso com a prefeita desta cidade. Ela não sabe o que Bolsonaro fez e disse, não escutou suas declarações de teor racista, contra os indígenas, os vacinados, as mulheres. Além disso, ele quer que a Amazônia seja um negócio. Não respeita os valores do papa Francisco”, afirmou o religioso.
“O presidente não se ocupa da defesa das minorias, a partir dos indígenas da Amazônia. E o Papa não se cansa de nos lembrar da importância do bem comum, enquanto Bolsonaro faz o que quer na Amazônia”, ressaltou.
Ligada ao partido de extrema direita Liga, a prefeita de Anguillara, Alessandra Buoso, alegou que a homenagem fazia sentido pelo simples fato de Bolsonaro ter um bisavô nascido no município.
“Não queremos entrar nos aspectos políticos porque não é nosso papel nem nossa vontade, queremos apenas recordar que os laços entre essas duas nações são extremamente fortes”, justificou.
A cerimônia estava programada para acontecer na sede da prefeitura Anguillara, mas foi transferida repentinamente para um local fechado, sem acesso da imprensa, uma residência do século 17 da região. Bolsonaro recebeu o título diante de quase 200 convidados, incluindo parentes e vereadores do município.
Na região da cidade de Pádua, houve agressão policial a manifestantes contrários à presença de Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (1º). A polícia usou um canhão d´água contra eles.
Ele viajou à região depois de envergonhar o Brasil ao participar do reunião do G20 em Roma.
É o segundo dia seguido em que polícias ou seguranças de Bolsonaro na Itália usam de violência contra pessoas que não estejam ali para se manifestar a favor do presidente.
No domingo, jornalistas do UOL, Folha de S.Paulo e Globonews receberam socos e foram empurrados pelos seguranças. Jamil Chade, do UOL, teve seu celular tomado violentamente e jogado no chão.