Perdas chegam a 26,3%, somente no governo Bolsonaro, afirma Fórum dos Servidores de Carreira Típica de Estado
Os servidores das carreiras típicas de Estado aprovaram, em reunião nesta nesta quarta-feira (29), paralisação nacional no próximo dia 18 de fevereiro por reajuste salarial, com indicativo de greve para fevereiro.
A mobilização foi aprovada pelo Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), que reúne 37 entidades do funcionalismo, representando cerca de 200 mil servidores públicos.
De acordo com o Fórum, o calendário foi aprovado “diante da ausência de política remuneratória do governo federal, no momento em que a maioria dos servidores federais está com remuneração congelada desde 2017, acumulando, desde então, perdas inflacionárias medidas pelo IPCA de 27,2%, perdas essas que chegarão a 26,3% (IPCA acumulado + projeção Focus/Banco Central), somente no governo Bolsonaro (2019-2022), o único a não conceder reajuste geral ao funcionalismo federal nos últimos 20 anos”.
Caso não haja resposta do governo, a categoria planeja outras mobilizações ainda nos dias 25 e 26 de janeiro.
De acordo com o documento do Fórum, nas duas primeiras semanas de janeiro a entidade irá cumprir “formalidades visando a deflagração de paralisação ou greve”. O Fonacate pretende levar demandas aos órgãos competentes e “demonstrar que foram frustradas as tentativas de negociação”. Convocações e realizações de assembleias de cada categoria entre os dias 10 a 14 de janeiro também estão previstas para esse período.
O calendário fecha na primeira semana de fevereiro, quando o Fonacate quer realizar novas assembleias para deliberar sobre uma greve geral.
Mesmo com a promessa de paralisação de várias categorias do funcionalismo em defesa do reajuste salarial, o governo federal permanece sem se manifestar oficialmente sobre a decisão de dar aumento apenas aos servidores da segurança.
AUDITORES
Os auditores-fiscais da Receita Federal entraram em greve essa semana contra o corte do orçamento do órgão para 2022 e pela regulamentação do “bônus eficiência”, aprovado desde 2017.
A greve dos auditores já conta com 93% de adesão da categoria, que realiza operação-padrão (também conhecida como operação tartaruga) nos postos de alfândega, ao mesmo tempo em que mais de 600 servidores abandonaram os cargos de chefia.
“Em janeiro a tendência é haver um represamento importante, inclusive de importações e exportações de alimentos”, alerta o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco).
O presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, também denuncia o pouco interesse do governo em negociar com o funcionalismo.
“Não houve avanço conosco. (…) Vamos tentar uma reunião em janeiro com o presidente Roberto Campos Neto para saber qual é o plano de ação dele para conseguir a reestruturação de carreira. Se ainda assim nada acontecer, vamos fazer uma lista de entrega de comissões, e também temos paralisações no radar”, disse Fábio.
A Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), que reúne cerca de 240 mil servidores de diversas categorias também pleiteia reajuste para a categoria.
“Entregamos a lista com as reivindicações da categoria desde 10 de novembro. (…) Temos tentado negociar com diversos presidentes que passaram pelo INSS pelos últimos anos. Então essa questão do reajuste é colocar no limite a situação dos servidores”, afirmou a diretora do Fenasps, Viviane Peres.