O governador da Bahia, Rui Costa (PT), criticou a negativa do governo Bolsonaro de receber a ajuda humanitária oferecida pela Argentina ao Estado que sofre com enchentes e alagamentos neste fim de ano e disse que aceitará o apoio diretamente de qualquer país que queira ajudar o estado.
Na terça-feira, Jair Bolsonaro (PL), que resolveu ficar de férias em Santa Catarina, disse que a ajuda oferecida pela Argentina “não seria necessária”.
Por meio do seu perfil no Twitter, Rui Costa agradeceu ao país vizinho e disse que toda ajuda será bem vinda para a reconstrução das áreas que foram devastatas. “Os baianos e brasileiros que moram aqui no estado precisam de todo tipo de ajuda. Estamos trabalhando muito, incansavelmente, para reconstruir as cidades e as casas destruídas, mas a soma de esforços acelera este processo, portanto é muito bem-vinda qualquer ajuda neste momento”, escreveu.
Na tarde desta quinta-feira (30), Defesa Civil da Bahia atualizou os números referentes à população atingida pelas enchentes. São 37.035 desabrigados, 54.771 desalojados, 25 mortos e 517 feridos. O número total de atingidos é de 643.068 pessoas.
AJUDA INSUFICIENTE
De acordo com o governador baiano, o valor do crédito extraordinário aberto pelo governo federal não é suficiente para reparar os estragos feitos pela chuva. Em nota divulgada à imprensa, ele disse que “não vai ficar de braço cruzado esperando recurso” para socorrer os desabrigados.
O governador também reforçou que não irá esperar pela ajuda federal. “Mesmo que não venham recursos federais, o governo do estado reconstruirá todas as casas e as cidades que foram destruídas com as chuvas na Bahia. Vamos estabelecendo prioridades e, ao longo de 2022, em parceria com os municípios, nós vamos garantir uma moradia digna às pessoas”, disse.
DESPREZO PELA VIDA
Durante entrevista à Folha de São Paulo, Rui Costa declarou que Bolsonaro demonstra “desprezo em relação à vida humana”.
“O presidente durante toda a sua gestão demonstrava desprezo em relação à vida humana. Se você me perguntar: “O senhor esperava ele aí?”, vou dizer que não. Durante três anos, em nenhum momento, em nenhum outro desastre, na pandemia, ou em qualquer situação que significasse prestar solidariedade à vida humana ele fez qualquer gesto. É um presidente que não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”, criticou Rui Costa.
“O mínimo que qualquer presidente pode fazer é dirigir uma palavra de conforto ao seu povo num momento de sofrimento. Tem uma frase que diz que quando você não pode fazer nada, pelo menos transmita uma palavra de conforto. Nem isso ele se preocupa em fazer. Só tenho que lamentar. Tenho evitado falar disso porque num momento de dor as pessoas não querem ver debate político”, completou.