As chuvas que atingem Minas Gerais neste início de ano resultaram em mortes, destruição e transtornos no estado. A inundação de rios obrigou moradores a deixarem suas casas devido a alagamentos ou ao risco de rompimento de barragens, e a circulação de veículos em rodovias foi afetada em mais de cem pontos.
Somente nas últimas 24h foram confirmadas, pela Defesa Civil de Minas Gerais, mais 10 mortes no Estado em decorrência das chuvas fortes dos últimos dias. O boletim desta segunda-feira (10) registrava nove óbitos e nesta terça-feira (11) o número subiu para 19.
Os dados levam em conta o início do período chuvoso de 2021 e 2022, desde outubro do ano passado. Além disso, nessas mortes não estão contabilizadas os 10 óbitos do acidente em Capitólio, onde uma rocha se desprendeu e atingiu a embarcação das vítimas.
Veja os locais onde foram registradas mortes por chuva e a quantidade
- Uberaba 1
- Coronel Fabriciano 1
- Nova Serrana 1
- Engenheiro Caldas 1
- Pescador 1
- Montes Claros 1
- Betim 1
- Belo Horizonte 1
- Dores de Guanhães 2
- São Gonçalo do Rio Abaixo 1
- Ervália 1
- Caratinga 2
- Brumadinho 5
Na madrugada desta terça-feira (11), o corpo da quinta vítima do soterramento de um carro durante as chuvas de sábado (8), em Brumadinho, na Grande Belo Horizonte. Os cinco ocupantes do veículo, todos da mesma família, foram encontrados mortos.
O primeiro corpo localizado pelos bombeiros foi o de Ana Alexandrino Santos, de 3 anos, que estava no carro com o pai dela, Henrique Alexandrino dos Santos, de 41, com a mãe, Deisy Lúcia Cardoso Alexandrino dos Santos, de 40, e o irmão, de 6.
Também estava o motorista, Geovane Vieira Ferreira, de 42 anos, que era da mesma família.
“O corpo estava a cerca de um metro de profundidade. O corpo será encaminhado para que seja feita perícia da Polícia Civil”, disse o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros.
Uma das vítimas do acidente, Deisy Lúcia Cardoso Alexandrino dos Santos, de 40 anos, era professora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), que divulgou uma nota oficial:
“É com pesar que a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) comunica o falecimento da Profª Drª Deisy Lúcia Cardoso Alexandrino Santos, de 40 anos, que atuou por seis anos da Unidade de Aquidauana da UEMS.
Ela e sua família foram vítimas de um trágico acidente no sábado (08/01) em Brumadinho, Minas Gerais, em que o carro em que estavam foi soterrado após um deslizamento da encosta da Serra da Moeda. Além dela faleceram também o marido Henrique Alexandrino dos Santos, de 41 anos, e os filhos, Vitor e Ana, de 6 e 3 anos, respectivamente. Também morreu Geovane Vieira Ferreira, 42 anos, um familiar que estava conduzindo o carro”.
SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA
Por conta das chuvas, o estado de Minas Gerais possui 154 municípios em situação de emergência. De acordo alerta do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) nas próximas 24 horas chuvas intensas, em nível laranja, estão previstas para 525 cidades do Estado.
O instituto alerta ainda para o risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas.
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), alertou nesta terça-feira (11) que o risco geológico permanece nos próximos dias na capital. Por isso, ele pede que a população que reside em áreas de risco deixe seus imóveis. “A prefeitura vai dar apoio”, garantiu.
“Se a chuva terminasse hoje, eu iria dizer que Belo Horizonte passou bem. Mas ela não terminou hoje. O risco geológico da Defesa Civil é de pelo menos mais dez dias. Temos que pedir a Deus que cuide da cidade. Todos que estão aqui merecem. Todos trabalharam para que as chuvas tivessem o efeito mais ameno possível”, destacou.
Em Belo Horizonte, de acordo com Kalil, não existe nenhum desabrigado e, caso precise, a prefeitura tem condições de acolher a população.
“Quem tem inteligência mediana sabe que risco geológico não se resolve. É um risco geológico. Principalmente em um país que não tem um programa de habitação, que é feito com bandeira vermelha, com quem quer ganho político com isso colocando gente em risco”, criticou.
“Saia de casa. Se não acontecer nada, você volta para ela. Nós temos estrutura, nós vamos atender os mais graves. Que em qualquer sinal ela [população] faça como ela fez com a covid, que ela tenha consciência de se proteger, que depois a prefeitura dá todo apoio”, afirmou.
Durante a coletiva, foi explicado que a família que reside em casas que apresentem riscos, como rachaduras, vazamentos e trincas, deve acionar a Defesa Civil que irá ao local realizar vistoria. Caso seja comprovado o risco, a família tem direito a auxílio pecuniário de R$ 500, a título de subsídio. “Ela pode ir para casas de parentes e continuar recebendo. É um instrumento de agilidade e depois futuramente ela vai migrar para o Bolsa Moradia”, afirmou.