Médico Carlos Carlotti Junior tomou posse na quarta-feira
O médico Carlos Carlotti Junior tomou posse nesta quarta-feira (26) como novo reitor da Universidade de São Paulo (USP) para o mandato de quatro anos (2022-2026). Maria Arminda Arruda foi escolhida vice-reitora, a segunda mulher a ocupar o cargo.
A cerimônia de posse ocorreu no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, na Zona Sul de São Paulo, e foi transmitida pela internet.
Carlotti e Maria Arminda foram nomeados em dezembro pelo governador João Doria (PSDB), que seguiu a tradição e escolheu a chapa mais votada em lista apontada em votação interna da universidade.
Em seu discurso, o novo reitor destacou que é necessária a recuperação orçamentária da USP e combater a fuga de novos cérebros, investindo nas políticas sociais e no financiamento da ciência.
“No mundo atual, o saber e a ciência representam a principal riqueza de uma nação. É urgente a valorização e recuperação orçamentária de tradicionais agências nacionais, como a Capes, CNPq e Finep, para que possam implantar de forma estável políticas plurianuais de apoio à cultura, ciência e tecnologia. Certamente essas agências sempre contarão com o apoio da USP para suas reivindicações junto aos órgãos superiores e ao Poder Legislativo. Não podemos pactuar com a migração de talentos e a fuga de cérebros, comprometendo os dias vindouros. Precisamos de políticas sólidas voltadas à atração e retenção de talentos, inteligências das quais não podemos prescindir”.
“Foi somente o conhecimento científico que pôde nos oferecer ferramentas para enfrentar a crise sanitária mundial. A política de saúde definida por São Paulo teve o condão de liderar as ações de preservação e de respeito às vidas humanas, tornando-se modelo inescapável para o País, a despeito de alguns dirigentes manifestarem desamor em relação à ciência, ao conhecimento e à pesquisa”, disse em seu discurso.
Segundo Carlotti, a gestão terá como base quatro princípios fundamentais: manter canais permanentes de diálogo com a comunidade universitária, exercer liderança acadêmica de forma articulada com diferentes setores da sociedade; buscar criatividade e efetividade para construir soluções, valorizando as atividades-fim da Universidade; e valorizar as carreiras docentes e funcionais, com preocupação especial com os jovens docentes.
“Nosso compromisso nesta gestão será altamente inovador, através da proposição de uma Pró-Reitoria para coordenar, centralizar e apoiar políticas transversais na Universidade para os alunos, docentes e servidores que tratem da permanência estudantil, saúde integral e políticas inclusivas sociais, étnico-raciais e de gênero. A sociedade brasileira enfrenta os mais diversos desafios no setor das políticas sociais, étnico-raciais e de gênero. Promoveremos ativamente os valores da diversidade e do pertencimento à Universidade. A nossa gestão visa à criação de políticas internas à Universidade que possam, além de mitigar esses fatores, ser modelos para a sociedade”, ressaltou Carlotti.
O governador João Doria também falou sobre o incremento à pesquisa e à ciência dado pelo Governo de São Paulo nos últimos anos e fez dois pedidos aos novos dirigentes.
“Teremos um ano muito difícil pela frente. Peço a vocês que sejam ousados, aproveitem a oportunidade de estar em um Estado que acredita na ciência para fazer mais, para ir além. Também peço para que defendam a ciência, a liberdade e a democracia. Nada é mais importante para uma nação que a liberdade, tanto individual quanto coletiva, e nossa liberdade está sendo ameaçada, assim como a democracia”, concluiu o governador.
O novo reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, é médico pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), com premiação de destaque no curso clínico. É neurocirurgião, formado pelo Hospital das Clínicas da FMRP (HCRP), e especialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. É mestre e doutor pela FMRP e professor titular do Departamento de Cirurgia e Anatomia da faculdade. Foi diretor clínico do HCRP, diretor da FMRP e presidente da Fundação de Pesquisas Médicas de Ribeirão Preto. É o pró-reitor de Pós-Graduação da USP, cargo que ocupa desde 2016.
A nova vice-reitora, Maria Arminda do Nascimento Arruda, é graduada em Ciências Sociais, mestre, doutora e livre-docente em Sociologia, todos pela USP. É professora titular de Sociologia na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), onde foi diretora entre 2016 e 2020. Foi pesquisadora sênior do Instituto de Estudos Sociais e Políticos de São Paulo, pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária da USP no período de 2010 a 2015 e representante da Área de Sociologia junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da área de Ciências Humanas no Conselho Técnico-Científico da instituição. Atualmente é coordenadora do Escritório USP Mulheres.
Veja o discurso do reitor na íntegra