Alta na rejeição faz Bolsonaro voltar a atacar urnas eletrônicas

Jair Bolsonaro (reprodução)

Rejeitado por ampla maioria da população, mandatário volta a levantar suspeitas sobre lisura eleitoral

Cada vez mais rejeitado pela população, como mostram as últimas pesquisas eleitorais e de opinião, por seu descaso cada vez maior com os problemas da população, Jair Bolsonaro voltou a ameaçar as eleições presidenciais deste ano e insinuar que pretende tumultuar o processo eleitoral.

O mandatário afirmou no domingo (30) que as Forças Armadas não tinham sido atendidas em questionamentos feitos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a segurança das urnas. “As Forças Armadas peticionaram ao ministro (Luís Roberto) Barroso sobre essas vulnerabilidades. Ele não nos respondeu em tempo hábil, dizendo que estava em recesso”, disse Bolsonaro, insinuando que o TSE estava se negando a responder.

Ao contrário do que afirmou, as Forças Armadas foram convidadas oficialmente pelo TSE a participar diretamente, junto com outras instituições, de todo o processo de avaliação dos sistemas de segurança que garantem a lisura das urnas eletrônicas.

Elas não participaram porque não quiseram. No ano passado, o Ministério da Defesa se recusou a participar dos testes de segurança da urna. A pasta se limitou a enviar alguns observadores, mas não quiseram participar dos testes, a despeito de o comandante cibernético do Exército general Heber integrar o Comitê de Transparência. Também não quiseram participar da comissão avaliadora dos testes.

Mesmo assim,, segundo o TSE, os militares terão todas as dúvidas sanadas assim que houver a volta do recesso do Judiciário.

Mas, empenhado em criar um clima para insuflar suas milícias contra o processo democrático, Bolsonaro insistiu no assunto, como se o TSE tivesse se recusado a responder. “Foi reiterada agora, essa questão. Cabe ao TSE, agora, mostrar e comprovar que estão certos, ou onde poderão corrigir essas inconsistências. O que mais queremos e desejamos e não abrimos mão são eleições limpas e transparentes para o corrente ano”, acrescentou.

A nova tentativa de tumultuar as eleições está diretamente relacionada às quedas de Bolsonaro nas últimas pesquisas eleitorais. Ele já havia tentado emplacar o veto do Congresso Nacional às urnas eletrônicas. Seu projeto foi derrotado pelos deputados e senadores. Durante um tempo ele parou de falar no assunto. Agora, com o aumento da rejeição e o descalabro em seu governo, ele volta com ameaças à eleição deste ano.

Bolsonaro está sendo investigado exatamente por vazar informações sigilosas de um inquérito sobre a invasão de um hacker no TSE. Ele quis provar que o sistema não era seguro. Foi desmentido pelo TSE que afirmou que a invasão não teve nenhuma repercussão nas informações eleitorais.

A apuração da PF sobre o vazamento ilegal foi determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes a partir de uma manifestação do TSE para que o conteúdo de uma live presidencial fosse investigado.

A delegada responsável pelo inquérito concluiu que o mandatário cometeu crime ao divulgar as informações sigilosas. (Bolsonaro) “teve atuação direta, voluntária e consciente no crime de vazamento”, diz a delegada Denisse Dias Ribeiro, responsável pelo inquérito do vazamento, em seu relatório.

O STF iniciou o inquérito contra o chefe do Executivo e ele foi convocado para depor nesta semana sobre o vazamento e se recusou a comparecer. Ou seja, está sabotando, deliberadamente, o avanço das investigações.

Esse, aliás, é o modus operandi da família Bolsonaro. Impedir e sabotar investigações. Pressionar juízes, ameaçar ou trocar delegados da PF. Assim que assumiu a presidência, Bolsonaro trabalhou diuturnamente para barrar qualquer investigação sobre o esquema de lavagem de dinheiro que seu filho (01) montou na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Até a Superintendência da PF no Rio de Janeiro foi trocada para garantir a impunidade do “01”. O escândalo tinha vindo a público pouco antes da posse de Bolsonaro.