Deportação de brasileiros em situações humilhantes se intensificou após acordo Trump-Bolsonaro
Na última semana, ao menos 380 brasileiros deportados dos Estados Unidos chegaram ao Brasil. No último sábado (5), um grupo de 187 brasileiros desembarcou no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, Minas Gerais. Na última sexta-feira (4), outros dois voos chegaram trazendo 193 brasileiros que estavam ilegais naquele país, totalizando ao todo 380.
Somente neste início de ano, 877 brasileiros foram deportados dos EUA para o Brasil. Desde outubro de 2019, quando o tratamento a imigrantes ilegais foi alterado no governo Trump e aceito pelo governo Bolsonaro, já são 54 voos.
A chegada do primeiro voo naquele ano marcou a retomada de uma medida que não era aceita pelo Brasil desde 2006. Mesmo com Joe Biden no governo, a situação não mudou.
DESCASO
Os brasileiros deportados pelos EUA na última semana estavam presos no estado do Texas. Segundo os relatos, eles ficaram algemados durante todo o trajeto.
Eles desembarcaram só com a roupa do corpo, todos com camisas de malha pretas e moletons amarelos e cinzas, que receberam do governo estadunidense. Carregavam sacolas plásticas com água e comida que ganharam no aeroporto, sendo que antes disso, estavam sem comida, além de mantas e documentos.
Ainda, o restante da bagagem foi confiscado pelo governo dos EUA. Havia também muitas crianças, algumas de colo.
Segundo os relatos dos brasileiros, o descaso que ocorreu denota cenas de um pesadelo, além dos maus-tratos, falta de banho, comida e, principalmente, falta de assistência às crianças e adolescentes pelos agentes norte-americanos.
“Crianças vomitavam, estavam recebendo só maçã, suco e burritos, que era uma massa que elas passavam mal. Os banheiros tinham um metro de altura, todo mundo usava junto”, conta um homem, de Betim (MG), que pagaria R$ 90 mil para um coiote se conseguisse permanecer nos Estados Unidos.
Desempregado, um homem de 27 anos, natural de Goiás, fez a travessia ilegal com a mulher, de 25, e o filho, de 2 anos.Eles ficaram presos no containêr de 100 metros quadrados com 300 pessoas. Ele perdeu 10 quilos no confinamento.
“Ficamos dez dias sem tomar banho e escovar os dentes. Minha mulher só chorava com meu filho de 2 anos”, diz.
Da mesma forma, um homem de 55 anos, de Governador Valadares, acompanhado da esposa e do filho, relata condições precárias durante a prisão. “A gente que ganha um salário mínimo pra sobreviver vai tentar algo melhor”.
Ele saiu em 14 de janeiro do Brasil. Para atravessar a fronteira entre México e os Estados Unidos, passou num trecho de esgoto. “O coiote deixou a gente na beira do rio. Quando atravessamos, fomos pegos”, conta.
falta vergonha e brio a esse povo que ainda sonha em “fazer a América”. jogados num avião, retornam com o rabo entre as pernas ,feito vira-latas abandonados.