Enquanto vacinação segue baixa nos estados, governo não vê prioridade em adquirir novos imunizantes para o público infantil
O governo Bolsonaro segue boicotando a vacinação contra Covid-19 no Brasil. Agora das crianças. A falta de vacinas é uma realidade em todo o país e, enquanto isso, o governo Bolsonaro ignora a oferta d o Instituto Butantan, que tendo ofereceu 10 milhões de doses à pronta entrega para o Plano Nacional de Imunização.
Iniciada há mais de 15 dias, em pelo menos 11 capitais e no Distrito Federal, a campanha de imunização infantil contra a Covid-19 ainda não alcançou 20% do público-alvo (crianças de 5 a 11 anos).
O Ministério da Saúde distribuiu as vacinas CoronaVac que estavam nos estoques do governo. Porém, apenas 2,6 milhões de doses do imunizante foram distribuídas para todo o país. Para o Estado do Rio, por exemplo, foram enviadas apenas 200 mil doses.
Outras 7,9 milhões de doses do imunizante da Pfizer foram entregues pela fabricante ao governo federal. Entretanto, o número é insuficiente para imunizar os mais de 20 milhões de crianças de 5 a 11 anos que aguardam a vacinação.
Se somarmos as vacinas em posse do governo federal atualmente, apenas 5,2 milhões de crianças seriam vacinadas.
BAIXA VACINAÇÃO
A situação é tão grave, que no Rio de Janeiro, a vacinação foi suspensa, nesta terça-feira (8), por falta de imunizantes. A informação foi divulgada através das redes sociais e da página do município sobre a doença. Até o momento, 28,7% das crianças de 5 a 11 anos conseguiram se vacinar na capital fluminense.
“Por falta de doses, a Secretaria Municipal de Saúde suspende, a partir de amanhã, 1º de fevereiro, a vacinação das crianças de sete anos ou mais contra a covid-19, até que o Ministério da Saúde envie nova remessa de vacinas para a cidade”, anunciou a Prefeitura do Rio de Janeiro.
Segundo a Prefeitura, a vacina contra a Covid-19 segue disponível para os seguintes grupos: primeira dose para crianças com deficiência e/ou comorbidades entre cinco e 11 anos; pessoas com 12 anos ou mais; segunda dose de acordo com a data do comprovante de vacinação; dose de reforço para pessoas com 18 anos ou mais que tomaram a segunda dose há pelo menos quatro meses; e segunda dose de reforço para pessoas com 18 anos ou mais que tenham imunossupressão e receberam três doses no esquema primário.
Em grande parte dessas cidades, a vacinação vem sendo feita de maneira escalonada, por faixa etária, devido ao número insuficiente de doses entregues pelo Ministério da Saúde, especialmente do imunizante da Pfizer que é destinado para o público de 5 anos.
Em Porto Velho, Fortaleza, Recife e Belo Horizonte menos de 20% das crianças de 5 a 11 anos foram imunizadas. Apenas 8,12% das crianças da capital cearense foram imunizadas. Na capital de Rondônia, o percentual é semelhante – 8,76%. Na pernambucana, 10.62% das crianças foram vacinadas contra a Covid-19.
Em Belo Horizonte, onde a vacinação, neste momento, é destinada a crianças com 9 anos ou mais, o percentual total de crianças imunizadas é de 15,5%. Segundo a prefeitura, nos primeiros 17 dias da campanha foram aplicadas 30 mil primeiras doses.
Na cidade de Goiânia, pouco mais de 30 mil (30.490) crianças receberam a primeira dose da vacina contra o coronavírus. O número representa 25,4% do total da população infantil residente no município (120 mil). Já a cobertura vacinal no Distrito Federal está em 30%.
Em Cuiabá, 12,2% e em Campo Grande 22,45%. Em Belém e Salvador a cobertura vacinal é de respectivamente 36,7% e 37%.
Na contramão da maioria das capitais, São Paulo já vacinou 51,2% do total de crianças da cidade com a primeira dose. Cerca de 590 mil (586.707) já foram aplicadas. Com a aprovação da CoronaVac para vacinar crianças de 6 a 11 anos. O governo de São Paulo já havia reservado 15 milhões de doses do imunizante para destinar ao público infantil e acelerou a distribuição no estado do imunizante.
OFERTA DO BUTANTAN
Na contramão do boicote promovido pelo governo federal, o Instituto Butantan disponibilizou ao Ministério da Saúde 30 milhões de doses da CoronaVac para a imunização infantil e não obteve resposta do Ministério da Saúde.
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, informou que o oferecimento foi feito por meio de dois ofícios, um que ofertou primeiramente 7 milhões de doses e o outro, atualizado, que ofereceu a entrega imediata de 10 milhões de doses e mais um lote de 20 milhões de doses em 20 dias.
O primeiro ofício foi encaminhado logo após a aprovação do uso pediátrico do imunizante pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), realizado em 20/1, que autorizou o uso emergencial da vacina do Butantan e da Sinovac em crianças e adolescentes de seis a 17 anos.
“Semana passada já tínhamos encaminhado um oficio disponibilizando 7 milhões de doses e, na tarde de ontem, disponibilizamos para a entrega imediata 10 milhões de doses. Estamos aptos para embarcar essas doses tão logo o Ministério da Saúde se manifeste”, disse Dimas durante coletiva de imprensa realizada no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
O presidente do Instituto afirmou também que a instituição está preparada para entregas maiores de doses e que, para isso, aguarda somente o interesse de compra do Ministério da Saúde.
“No mesmo ofício, oferecemos um adicional de 20 milhões de doses que poderão ser entregues no prazo de 20 a 25 dias. Essas duas condições foram colocadas e estamos aguardando uma resposta. Pela imprensa vimos que já houve uma manifestação do ministério que haverá a incorporação da vacina. Estamos aguardando simplesmente que chegue essa ordem para que possamos disponibilizar rapidamente essas vacinas para todo o Brasil”, afirmou Dimas.