O deputado federal Tiririca, que sempre figurou entre os mais votados de São Paulo, anunciou na terça-feira (24) sua desistência de concorrer ao quarto mandato após a legenda dele, o Partido Liberal, entregar o número que era dele nas urnas para o também deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República.
Desde sua primeira eleição, em 2010, o artista é identificado na urna pelo número 2222.
“Foi uma covardia o que fizeram. Estou muito chateado e me sinto desrespeitado. Já decidi que não sairei candidato neste ano”, afirmou.
Tiririca disse sentir-se “traído e desgostoso” por causa do ato e que não foi comunicado oficialmente da decisão pela legenda comandada por Valdemar Costa Neto.
“Achei um gesto desrespeitoso. Por três anos seguidos o número foi meu e conquistei votações expressivas, elegendo vários membros do partido junto comigo. Fiquei sabendo por terceiros que o número foi dado ao filho do Bolsonaro, e eles até agora não me procuraram para dar uma justificativa”, declarou Tiririca.
Tiririca estreou nas urnas com o bordão “Pior que está não fica” e foi o mais votado do país, com 1,3 milhão de votos. Graças à votação dele, o PL (na época, PR) conseguiu mais quatro cadeiras na Câmara. Em 2014, o artista perdeu votos, mas ainda assim somou 1 milhão de votos. Já em 2018, o parlamentar se reelegeu por São Paulo com 455 mil votos.
“Depois de ter feito tanto pelo partido, me sinto traído porque esperaram o fim da janela partidária para que eu não pudesse migrar para outro partido. Lamento muito essa falta de ética”, disse.
O humorista diz que a decisão de não se candidatar em 2022 também passa pela questão de ter que votar em Jair Bolsonaro, já que o presidente se filiou ao PL para disputar a reeleição.
“Não votei em Bolsonaro em 2018 e não votaria agora”, afirmou.
O parlamentar comentou ainda que foi pressionado a votar com o governo nos projetos que tramitam na Casa.
Apesar das pressões, Tiririca se posicionou contrariamente aos interesses do Palácio do Planalto em metade das propostas que passaram pela Câmara desde 2019.