Em entrevista ao Fantástico, a cantora Anitta, de 29 anos, denunciou o esquema de desvio em shows milionários de artistas famosos contratados por prefeituras no interior brasileiro. Ela contou ainda que não usou recursos da lei Rouanet, como foi acusada pelo cantor sertanejo Zé Neto.
A entrevista foi realizada durante a inauguração de sua estátua de cera no Museu Madame Tussaud, em Nova York. Ela contou que junto do irmão Renan Machado, que a ajuda no gerenciamento da carreira, se recusou a participar de um esquema de corrupção.
“Meu irmão é quem cuida para mim das coisas. Eu liguei para o meu irmão [depois dos comentários do Zé Neto] e para o meu outro sócio Daniel e falei: ‘Gente, eu já usei essa lei, porque eu nem lembro’. Ele falou: “Não””, disse Anitta.
“A gente que é da música sempre soube que isso existia. Eu já recebi propostas, eu e meu irmão. ‘Você cobra tanto, aí eu vou e pego um pedaço.’ Eu falei ‘não’. Aí eles falaram, não, se você pegar daqui, aí você declara que recebeu tanto e eu falei não. Meu cachê é esse. Quer assim? Bem. Se não, não”, disse Anitta.
“Como a gente começou a nossa empresa do nada, a gente tá sempre contratando auditoria, com medo de fazer algo errado por falta de conhecimento”, completou.
A polêmica a respeito das verbas públicas usadas para contratações de shows de artistas famosos começou após o cantor sertanejo Zé Neto sair atacando Anitta em um de seus shows. Ele disse que a funkeira usou dinheiro da Lei Rouanet para uma tatuagem íntima e disse que ele e outros cantores sertanejos “não dependemos da Lei Rouanet”.
A partir daí, uma crise se instaurou entre os artistas do gênero. Com a repercussão da fala de Zé Neto, muito começou a se comentar sobre o uso de verbas públicas em shows sertanejos, até que, em 25 de maio, o Ministério Público do Estado de Roraima abriu uma investigação sobre a contratação do cantor Gusttavo Lima na cidade de São Luiz (RR), com cachê fixado em R$ 800 mil.
Agora revelou-se que boa parte dos shows sertanejos realizados pelo Brasil foram pagos com dinheiro público, muitas vezes sem licitação.