“Bolsonaro jogou sujo. Estamos com o governo atravessado na garganta. Aumentou a compressão salarial, num momento de crescimento da arrecadação em 11%. Faltou com a palavra e sabotou a reestruturação de carreira da Polícia Rodoviária Federal, declarou Flávio Werneck
Flávio Werneck, diretor jurídico Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), uma das principais lideranças sindicais do funcionalismo público, no momento licenciado em função de sua pré-candidatura a deputado federal, mas que teve um papel destacado nas últimas mobilizações da categoria, declarou ao HP que o policial federal está com o governo “atravessado na garganta”. E afirmou que o sentimento geral da Polícia Federal “é de que o que houve foi uma traição”.
Segundo Werneck, durante meses a fio “discutimos no Congresso a reestruturação da carreira. Formamos um consenso com os parlamentares. Não se tratava de reposição salarial, em que pese o serviço público esteja há pelo menos cinco anos tendo zero de reposição salarial, mas da restruturação, que há tempos vem sendo postergada”.
Para Werneck, “os progressos em nossa luta estimularam a luta do conjunto do funcionalismo federal a exigir a reposição da inflação”. Flávio afirmou que “o governo jogou sujo: usou da mobilização do conjunto dos servidores para persistir barrigando nossa reivindicação, enquanto aumentou por mais um ano a compressão salarial”.
“Isso, num momento de crescimento vertiginoso da arrecadação de 11%, 200 bilhões de reais, provocado pelo estouro inflacionário criado pelo próprio governo”. Flávio explicitou que esse aumento de arrecadação “é, pelo menos, cinco vezes mais do total reclamado pelo funcionalismo público federal”. “Boa parte desse aumento de arrecadação foi obtida da redução neste ano do salário do servidor”, ressalta Werneck.
CARLOS PEREIRA