Presidenciável da Frente Ampla Democrática realizou ato no Complexo do Alemão acompanhado de lideranças políticas e comunitárias
O ex-presidente Lula afirmou, nesta quarta-feira (12), em campanha no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, que “a questão da escola em tempo integral é uma necessidade” e que também investirá “em creches e nas universidades”.
Candidato a presidente da Frente Ampla Democrática, Coligação Brasil da Esperança, o ex-presidente estava acompanhado de lideranças políticas e líderes comunitários, incluindo o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD).
Na terça-feira, Paes também esteve com Lula em campanha na Baixada Fluminense. O petista conversou com lideranças comunitárias e, depois, percorreu ruas da cidade e fez discurso em carro de som.
O ex-presidente é candidato da Federação Brasil da Esperança (FE Brasil – PT, PCdoB e PV) e tem o apoio do PSB, PSol, Rede, Solidariedade, Avante e Agir (antigo PTC) e Pros. A coligação se turbinou nesse segundo turno com os apoios do PSDB, MDB, Cidadania, PDT. Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), candidatos a presidente no primeiro turno, declararam apoio a Lula no segundo turno, assim como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
No evento no Alemão, Lula declarou que a polícia não resolve todos os problemas das comunidades e que essa tarefa cabe aos governos, que devem levar “educação, saúde, lazer e cultura” aos moradores.
O presidenciável voltou ao Rio, em campanha nesse segundo turno, para tentar inverter o resultado do primeiro turno. No Rio, que é o terceiro colégio eleitoral, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais, Lula foi ultrapassado por Bolsonaro. A diferença foi de quase 1 milhão de votos entre os candidatos. Bolsonaro teve 51,09% dos votos válidos, e Lula, 40,68%.
Lula vai enfrentar Bolsonaro, no segundo turno da eleição, marcado para dia 30 de outubro. Lula venceu no primeiro turno, quando recebeu 57,2 milhões de votos (48,43%), contra 51 milhões de Bolsonaro (43,20%).
ESTADO
“Esse país vai voltar a dizer que não vai ser a polícia que resolve os problemas na comunidade. Quem resolve os problemas da comunidade é o Estado. Fazer aquilo que tem que fazer, trazendo educação, saúde, lazer e cultura”, disse o candidato nesta quarta-feira.
O recado de Lula para as comunidades periféricas é que, num possível governo dele, o Estado precisa assumir, não por meio da violência, a integridade dos cidadãos. Assegurando-lhes serviços públicos básicos e com qualidade.
Lula declarou que pretende “cuidar da creche à universidade”, já que dinheiro na educação é “investimento” e não gasto, como o atual governo considera. O candidato ressaltou a importância de escolas em tempo integral na segurança das crianças.
“A questão da escola em tempo integral é uma necessidade, não apenas para as crianças serem cuidadas na escola, mas para evitar que balas perdidas matem crianças brincando nas ruas como acontece neste país”, afirmou Lula. “E vamos investir em creches e nas universidades, porque educação não é gasto, é investimento para o povo”, tuitou Lula nesta quarta-feira.
TUDO DIFERENTE
“Nós iremos construir um país onde, em vez de armas, a gente distribua livros. Em vez de ódio, a gente distribua amor, onde o salário mínimo vai voltar a aumentar todo ano, onde os aposentados vão ter um aumento justo, onde a gente vai cuidar das pessoas com muito carinho, sobretudo acabar com o feminicídio, porque mulher não é objeto de cama e mesa. Mulher é muito importante”, afirmou.
Lula ainda criticou adversário dele, o presidente Jair Bolsonaro (PL), e ressaltou que o governo, na época dele, executou mais obras nas comunidades e pediu para que nordestinos não votem no atual presidente. Após o primeiro turno, Bolsonaro associou a vitória de Lula no Nordeste ao analfabetismo e a pobreza na região.
No discurso, Lula condenou os “milicianos que mataram” Marielle Franco. Ele estava ao lado da irmã Anielle e da mãe, Marinete, da vereadora. Anielle declarou apoio a Lula. “A gente hoje botou a favela literalmente para baixo para gritar por um presidente que a gente acredita, que defende favelado”, disse ela.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Antes do ato nas ruas do Complexo do Alemão, Lula foi à Voz das Comunidades, ONG (organização não-governamental) e jornal comunitário criado em 2005. O fundador do Voz das Comunidades, Rene Silva, foi escolhido pela Revista Forbes Brasil como “exemplo de um time que está reiventando um país”. Em 2018, ele ganhou o prêmio em Nova York da organização Mipad (Most Influential People Of African Descente), concedido às pessoas afrodescendentes influentes.
Em entrevista ao Voz, Lula afirmou que é preciso valorizar a cultura das comunidades e que as políticas públicas não podem ficar restrita à área de segurança pública. Isto é imaginar, a partir de preconceitos, que os problemas e carências dessas comunidades só serão resolvidos por meio da violência policial.
“O problema das comunidades mais pobres do Brasil é que o Estado só aparece quando tem um problema para resolver, achando que a polícia é a solução. Quando na verdade a solução é a presença do Estado no cotidiano. O Estado tem que estar na educação, tem que estar na saúde, tem que estar na cultura, tem que estar no lazer, na coleta de esgoto, no tratamento de esgoto, tem que estar presente 24 horas por dia”, disse o ex-presidente.
A polícia não é a “única solução” nas comunidades, disse Lula. Para o petista, prefeituras, governos estaduais e governo federal devem, juntos, desenvolver ações para atender às periferias do país.