O líder do Partido Comunista da Federação Russa, Genadi Ziuganov, afirmou que o plano do primeiro-ministro Dmitry Medvedev, de aumentar a idade mínima de aposentadoria em mais cinco anos para os homens e oito para as mulheres, é “insanidade” e exigiu que, se for levado adiante, tenha que ser submetido a referendo. O plano foi aprovado na semana passada para encaminhamento ao parlamento. O presidente Vladimir Putin ainda não se pronunciou sobre a questão.
Conforme Medvedev, que papagueia os assaltos aos aposentados em voga no mundo inteiro, sob benção do FMI, e que costumam acabar em confrontos abertos com a população que não quer ser tosquiada – como visto aqui no Brasil, na Nicarágua, na Itália e tantos outros países -, não há outra alternativa para manter o sistema funcionando.
No plano do primeiro-ministro, a idade mínima para os homens subiria de 60 para 65 anos, até 2028. A idade mínima das mulheres iria dos atuais de 55 para 63 anos até 2034. Para reduzir a resistência à medida, a aplicação seria gradual, começando no ano que vem. A atual idade mínima de aposentadoria foi instituída nos anos 1930, pela União Soviética.
Agora, em decorrência das mudanças demográficas e com a proporção de trabalhadores na ativa caindo em relação aos aposentados, asseverou Medvedev, “o Estado não poderia honrar suas obrigações sociais” sem aumentar a idade mínima de aposentadoria, com as pensões sendo um peso “excessivo” para o orçamento federal. Indo mais longe, garantiu que esse aumento da idade mínima seria para “aumentar as aposentadorias acima da inflação” – o que não é o que se viu nos países onde foi imposto antes.
Ziuganov assinalou compreender a necessidade de aliviar as tensões na sociedade russa, que considerou “sérias e profundas”, mas exigiu que seja usado outro método que não aumentar a idade de aposentadoria. “Se você quer aceitar este desafio, deve acabar com o abismo entre os poucos que ficam cada vez mais ricos e a imensa maioria, que mal consegue chegar ao fim do mês”. Em suma, que os oligarcas paguem a conta, não o povo.
Petição contra o aumento da idade mínima, criada pelos sindicatos russos nas redes sociais, reuniu mais de 180.000 assinaturas antes do anúncio de Medvedev. Pesquisa realizada em maio, e citada pela RT, mostrou que 53% dos russos consideram a atual idade mínima de aposentadoria “ótima”, 35% acham que poderia ser diminuída e só 6% defenderam que seja aumentada.