Foi protocolado na Câmara de Vereadores de Criciúma, na segunda-feira (7), um pedido de cassação do mandato da vereadora Giovana Mondardo (PCdoB), por suposta quebra de decoro parlamentar após ter criticado a saudação nazista feita em São Miguel D’Oeste durante ato de golpistas que defendiam uma “intervenção federal” das Forças Armadas em favor de Jair Bolsonaro (PL), após a derrota nas urnas.
Segundo a acusação, a parlamentar teria acusado os catarinenses de serem “nazistas” por ter publicado em suas redes sociais um vídeo em que repudia a ação dos golpistas que cantam o Hino Nacional com os braços esticados, copiando a saudação em homenagem a Adolf Hitler.
Na publicação, a vereadora escreveu: “Em São Miguel do Oeste, Santa Catarina, saudação nazista. O que dizem? Isso é manifestação? Isso é direito constitucional?”, questionou.
No pedido de cassação, os acusadores dizem que a atitude de Giovana Mondardo foi “completamente descabida e distante do decoro parlamentar, além de servir de exemplo, estimulou diversas manifestações xenofóbicas, caluniosas, difamatórias e absurdamente prejudiciais ao povo catarinense e ao próprio Estado de Santa Catarina”, diz o pedido protocolado
O documento diz ainda que no ato “verifica-se o inequívoco dolo da Representada em prejudicar a imagem pública dos manifestantes em prol de nada mais do que ‘prestígio político’”.
Em suas redes sociais, Giovana Mondardo repudiou a perseguição. “Pediram a cassação do meu mandato. Me acusam de ‘dar visibilidade negativa e ofensiva aos manifestantes dos atos públicos pós-eleição, aos munícipes de São Miguel do Oeste e ao próprio Estado de Santa Catarina’. Isso porque denunciei, como muitos, investigações sobre nazismo em SC”, escreveu.
A vereadora ainda revelou que os autores dos pedidos de cassação, dois são assessores de vereador e outros dois “aparentemente líderes de movimentos golpistas na cidade”.
“Luto e sempre lutarei pela permanência do estado democrático de direito e contra todo e qualquer ato de despreze a democracia. Não tem como cassar um vereador por conta disso. Consciência tranquila”, enfatizou.
O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) emitiu uma primeira nota, no dia 2 de novembro, afirmando que “não identificou intenção de apologia ao nazismo pelos manifestantes no extremo oeste catarinense”. A apuração, segundo o MPSC, foi feito pelo Gaeco.
Porém, com a repercussão do caso, no dia 3 de novembro, o MPSC publicou nova nota onde disse que vai seguir investigando o caso.
“A 40ª Promotoria de Justiça da Capital, especializada no combate aos crimes de racismo, de ódio, de intolerância, de preconceito e de discriminação com atribuição estadual, recebeu, no final da tarde desta quinta-feira (3/11), o relatório do GAECO de São Miguel do Oeste sobre o caso envolvendo a suposta apologia ao nazismo em manifestação no Extremo Oeste catarinense. O Promotor de Justiça Luiz Fernando Fernandes Pacheco irá agora seguir com a apuração. O caso também está sendo acompanhado pelo Núcleo de Enfrentamento aos Crimes de Racismo e de Intolerância (NECRIM)”.
Confederação Israelita do Brasil repudiou gesto nazista
Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (CONIB) também repudiou as saudações nazistas em manifestação em Santa Catarina.
“As imagens de manifestantes fazendo saudações nazistas em protesto em Santa Catarina são repugnantes e precisam ser investigadas e condenadas com veemência pelas autoridades e pela sociedade como um todo. O nazismo prega e pratica a morte e a destruição. A sociedade brasileira não pode tolerar posturas como essa. Fazer esse gesto vestindo camisa da seleção brasileira é também uma ofensa às nossas Forças Armadas, que lutaram bravamente contra as forças nazistas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial”, destaca a CONIB.
Leia mais: