O Tribunal de Contas da União (TCU) revelou, em relatório, que o governo de Jair Bolsonaro não fiscalizou e permitiu fraudes nas inscrições do Auxílio Brasil, deixando de fora milhares de brasileiros que precisavam do pagamento.
Segundo o TCU, diversas famílias apresentaram seus registros no auxílio de forma separada, duplicando o pagamento de R$ 600.
Em 2022, o grupo das “famílias” de uma única pessoa foi o que mais cresceu.
Isso porque o programa do governo Bolsonaro dá o mesmo valor para o beneficiário independentemente do tamanho de sua família. Pela falta de fiscalização, as famílias se “desmembraram” para receber duas vezes.
O presidente do TCU, Bruno Dantas, aponta que “foi gerado um forte incentivo a declarações inverídicas sobre composição familiar, fragmentando as famílias em vários pedaços, de maneira que cada fragmento receba os R$ 600,00 mínimos”.
“Esse comportamento acaba por gerar distorções ainda maiores, pois enquanto uma família de adultos pode se fragmentar em tantas famílias quanto pessoas forem, constituindo diversas famílias unipessoais, uma família com crianças e adolescentes não tem a mesma capacidade”.
Enquanto algumas famílias estavam recebendo duas vezes, milhares de outras estavam empacadas na fila do programa. Em julho do ano passado, a fila era de 1,5 milhão de famílias.
O TCU pediu para que o novo governo “desenvolva estudos para identificar indivíduos que estão recebendo benefício indevidamente ou que fazem jus ao auxílio, mas não o estão recebendo”.
O governo Lula garantiu o pagamento de R$ 600 do auxílio, que voltará a se chamar Bolsa família, com a aprovação da PEC da Transição. Além disso, as famílias receberão R$ 150 por criança de menos de 6 anos de idade.
ALIADOS DE BOLSONARO
Esta semana veio a público que a esposa do lutador de UFC, José Aldo, Vivianne Pereira Oliveira, que consta como dona da mansão em que Bolsonaro está hospedado nos EUA, inscreveu-se e recebeu o auxílio emergencial durante a pandemia. Ela ganhou R$ 3,9 mil do governo, apesar dos ganhos milionários do seu marido.
José Aldo é amigo muito chegado de Bolsonaro.
A família de lutadores Gracie, aliada de Bolsonaro, também recebeu auxílio emergencial.
Segundo o Portal da Transparência, pesquisado pelo portal Congresso em Foco, pelo menos nove membros da família Gracie que receberam o auxílio emergencial de março até dezembro de 2020 e um que recebeu o Benefício de Prestação Continuada (BPC), mesmo sem, aparentemente, atenderem aos requisitos para os benefícios sociais.
O pastor Jarkson Vilar, organizador da “motociata” a favor de Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo, recebeu 16 parcelas do auxílio emergencial do governo federal de abril de 2020 a outubro de 2021. Segundo o portal da transparência, o apoiador de Bolsonaro recebeu R$ 5.700 no período.
Pelo menos cinco familiares (madrasta, padrasto e tias) da ex-primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro, receberam auxílio emergencial de R$ 600, benefício do governo federal pago a famílias carentes durante a pandemia do novo coronavírus.
Filhas, genro e até uma das esposas dos pastores “amigos” de Bolsonaro, que protagonizaram o escândalo de corrupção no Ministério da Educação, receberam cerca de 18 mil reais em verbas públicas através do auxílio emergencial na pandemia.
Victoria Camacy Bartolomeu e Helder Bartolomeu, respectivamente filha e genro do pastor Arilton Moura, um dos pastores evangélicos presos por envolvimento no escândalo do MEC, receberam juntos mais de R$ 8 mil de auxílio emergencial do governo de Jair Bolsonaro (PL).
A pastora Raimunda dos Santos, esposa do pastor Gilmar Santos, e a filha do casal, Quézia dos Santos, juntas, receberam quase R$ 10 mil do mesmo auxílio.